|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GASTO PÚBLICO
Procuradoria e Polícia Federal avaliam pavimentação de rodovias realizada pelo governo Jorge Viana (PT)
Contratos no Acre estão sob investigação
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público Federal e a
Polícia Federal estão apurando
um contrato para a pavimentação
de duas rodovias realizado em
1999 entre o Estado do Acre e uma
empresa pertencente ao primo de
um membro do primeiro escalão
do governo estadual que também
é acusado de ser narcotraficante.
A partir deste caso, a Procuradoria abriu procedimento administrativo, e a PF, inquérito para
apurar o uso de verbas federais no
sistema de transporte do Acre.
Entre 1999 e 2000, o período sob
suspeita, foram liberados R$ 18,1
milhões do Ministério dos Transportes para o Estado governado
por Jorge Viana (PT).
De acordo com relatório do Deracre (Departamento de Estradas
de Rodagem do Acre) enviado ao
ministério, o governo contratou a
empresa Navegação Cordeiro por
R$ 1,3 milhão para o fornecimento e transporte de 3.675 toneladas
de cimento para recapear duas rodovias. O valor foi quitado em três
parcelas entre 1999 e 2000.
A oposição ao governo petista
denunciou à Procuradoria o contrato porque o dono da Navegação Cordeiro é o empresário Donário Lima Cordeiro -apontado
na CPI do Narcotráfico pela líder
do PT no Acre, deputada Naluh
Gouveia, como um dos principais
narcotraficantes do Estado.
Cordeiro, que não foi indiciado
pelas acusações, é primo do atual
secretário estadual da Fazenda,
Mâncio Lima Cordeiro, o que alimentou as suspeitas da oposição.
Segundo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), dos
quatro contratos entre empresas e
o governo acreano que apresentam "indícios de irregularidades",
dois foram feitos com a Navegação Cordeiro. Um deles foi feito
sem concorrência pública.
As denúncias também criaram
um clima de mal-estar dentro do
PT do Acre, um dos três Estados
governados pelo partido. A líder
petista na Assembléia reafirmou o
que dissera, em 1999, à CPI.
"Se fosse governadora, jamais
permitiria que um narcotraficante participasse de uma concorrência pública para a construção de
uma rodovia. Tentaria de todas as
formas legais indiciá-lo, o que infelizmente a CPI do Narcotráfico
e o Ministério Público não conseguiram fazer", disse a deputada.
Segundo ela, o grupo de Cordeiro é um dos mais poderosos do
tráfico de drogas do Vale do Juruá
(oeste do Estado), com balsas e estabelecimentos comerciais.
"Com a colaboração dos policiais federais, temos uma vasta
documentação para apurar a possível prática de improbidade administrativa, como crimes de peculato, emprego irregular de verbas públicas e demais contravenções", afirmou o procurador da
República Marcus Vinícius
Aguiar Macedo.
O TCU, a Procuradoria e a PF
vão investigar a pavimentação da
BR-364 (668 km entre Rio Branco
e Cruzeiro do Sul) e da BR-317
(que liga Rio Branco a Assis Brasil, próxima à fronteira com o Peru). Segundo o Estado, as obras
estão em pleno andamento. Já para a oposição, a pavimentação
não está sendo feita.
Segundo o secretário-substituto
do TCU no Acre, João Capanema,
só uma vez por ano o tribunal pode comprovar, no local, se os trabalhos nas rodovias estão sendo
ou não realizados corretamente.
"Somos uma equipe de cinco
fiscais para todo o território
acreano. Só poderemos visitar as
obras no próximo mês, quando as
fortes chuvas derem uma trégua."
Atualmente os locais somente são
acessíveis por meio de aviões de
pequeno porte e barcos.
Texto Anterior: Memória: Estado recebe acervo de Adhemar Próximo Texto: Outro lado: Para diretor, denúncias são "uma baixaria" Índice
|