São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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Secretário do Tesouro dos EUA mantém contato regular com o governo argentino

Bush já discute ajuda à Argentina

MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, já discute abertamente uma nova ajuda financeira à Argentina. Na entrevista que encerrou ontem a Cúpula das Américas, em Québec, Bush disse que seu secretário do Tesouro, Paul O'Neill, está em contato regular com o governo argentino e sugeriu que uma nova ajuda internacional poderá ser concedida ao país, No entanto "ainda é cedo" para definir se ela será bilateral ou virá na forma de um reforço por meio do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Estamos observando com muito cuidado [a situação argentina". Mantemos contato regular com o governo e tomaremos a decisão sobre uma ajuda bilateral ou uma ajuda adicional por meio de instituições financeiras internacionais, de acordo com o mérito do caso."
Bush respondia a uma pergunta sobre a possibilidade de o Tesouro dos EUA conceder ajuda direta à Argentina para impedir que outras economias, especialmente a do Brasil, sejam contagiadas.
"É muito cedo para tomarmos essa decisão", respondeu Bush, que sentava-se ao lado do presidente argentino, Fernando de la Rúa. "Dito isso, o secretário do Tesouro, [Paul" O'Neill, assim como outros da minha administração, estão observando de perto a situação. É do interesse de nossa nação que a economia da Argentina se recupere. Também é, obviamente, do interesse dos vizinhos que isso ocorra."
Foi a primeira vez que uma autoridade mencionou a hipótese de ser necessário reforçar a blindagem (de US$ 40 bilhões) criada em dezembro passado para proteger a economia argentina.
A julgar pelo comportamento dos mercados nos últimos dias, essa blindagem não está funcionando. No entanto, ninguém reconhece isso abertamente.
Embora Bush tenha acenado com a possibilidade de um empréstimo dos EUA à Argentina, há enormes resistências, dentro de sua administração, à idéia de usar dinheiro de contribuintes norte-americanos para resolver crises econômicas distantes.
Por esta razão, a declaração do presidente norte-americano vale mais pela simples alusão à necessidade de um reforço financeiro, hipótese negada publicamente pelo governo da Argentina e pelo FMI.


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