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Cavallo estuda seguro
contra calote da dívida
ROGERIO WASSERMANN
JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES
Na tentativa de aliviar as especulações sobre uma possível moratória, o ministro da Economia
da Argentina, Domingo Cavallo,
pretende enviar ao Congresso nos
próximos dias um projeto de lei
que garanta aos detentores de bônus da dívida pública a preferência sobre qualquer outro pagamento devido pelo governo.
A proposta, que está em estudo,
transformaria os detentores de títulos argentinos em credores privilegiados do Estado. Para assegurar o pagamento, se utilizaria a arrecadação fiscal como garantia
para os papéis.
Os temores de que a Argentina
declare uma moratória ou promova uma reestruturação de suas
dívidas -o que, para muitos economistas, não passa de uma distorção semântica para a mesma
ocorrência, a moratória- ganharam enorme vulto durante a semana passada.
Entre quinta e sexta-feira, boatos de uma possível renúncia de
Cavallo e da iminente declaração
de uma moratória provocaram
pânico nos mercados.
A Argentina tem cerca de US$
20 bilhões em pagamentos da dívida com vencimento neste ano.
Desde a nomeação de Cavallo como ministro, há um mês, já foram
lançados US$ 5,75 bilhões em títulos públicos no mercado.
Ratificada, a medida permitiria
à Argentina, em tese, acalmar a
tensão entre os investidores. Os
boatos da semana passada fizeram o risco-país (sobretaxa que as
nações pagam ao tomar empréstimo) disparar ao nível de 1.046
pontos -ou seja, 10,46% acima
dos pagos pelos EUA quando
emitem papéis semelhantes.
Na sexta-feira, o Banco Mundial
prometeu adiantar parte dos US$
2,5 bilhões que eram sua participação na operação de "blindagem
financeira" de US$ 40 bilhões
anunciada em dezembro.
Domingo Cavallo, que em princípio anunciara cortes de cerca de
US$ 300 milhões nos gastos em
2001, anunciou que eles serão estendidos para US$ 700 milhões.
Os cortes atingiriam a Anses,
equivalente local ao INSS, da qual
sairiam US$ 230 milhões com eliminações de benefícios fraudulentos, o Ministério da Saúde
(US$ 80 milhões) e o Ministério
do Interior (US$ 50 milhões). Outros US$ 50 milhões seriam tirados do repasses que o Tesouro
Nacional tem comprometido
com as Províncias.
De acordo com o ministro, o
ajuste chegará a US$ 3 bilhões.
Mas, em suas contas, considera
US$ 2,3 bilhões que pretende arrecadar este ano com o novo imposto sobre movimentação financeira. O problema é que a arrecadação tributária de abril deve cair
-e parte dos ingressos com o novo imposto serviria somente para
compensar a queda de outros tributos.
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