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DIPLOMACIA
Brasil contraria EUA em projeto debatido na ONU
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O Brasil se opôs ontem a vários
pontos de um projeto de resolução "sobre armas de destruição
em massa e atores não-estatais"
que está sendo discutido na ONU
(Organização das Nações Unidas). O projeto tem como principal defensor os EUA e, segundo a
proposta, pretende criar uma legislação para tentar barrar o acesso de terroristas a essas armas.
Diplomatas brasileiros acreditam que a resolução, se aprovada
como está, pode ser usada para
fins comerciais pelos EUA e dificultar o acesso do país a novas
tecnologias -como as ligadas ao
uso pacífico de energia nuclear.
O choque entre os interesses diplomáticos e comerciais do Brasil
e a política antiterror de George
W. Bush acontece duas semanas
depois de os EUA pressionarem
pela inspeção de uma planta de
enriquecimento de urânio para
uso energético em Resende (RJ).
A missão brasileira na ONU
propôs alterações à resolução e,
ontem, o embaixador brasileiro
nas Nações Unidas, Ronaldo Mota Sardenberg, criticou a redação
da proposta em discurso.
Segundo um diplomata brasileiro, que preferiu não ser identificado, pela proposta atual, os tais
"atores não-estatais" não ficariam
reduzidos a terroristas, mas incluiriam empresas que comercializam tecnologias ligadas ao uso
pacífico de equipamentos e produtos que também podem ser
usados para fins militares.
Ele afirmou que a possibilidade
de que a resolução limite o acesso
do país a tecnologias e prejudiquem o Brasil comercialmente foi
a principal preocupação "do ponto de vista prático" do trabalho
dos representantes do país nas
Nações Unidas.
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