São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Aposta na divisão

No esforço para esfriar a inevitável CPI do Apagão Aéreo no Senado, governistas contam com o crescente distanciamento entre PSDB e DEM. O descompasso entre tucanos e ex-pefelistas, bem representado pelo cafezinho que levou Tasso Jereissati ao Palácio do Planalto na quinta-feira passada, é o terreno sobre o qual o governo tentará costurar um acordo para aguardar a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal a respeito da CPI da Câmara antes de instalar a comissão do Senado. Até lá, a Casa aceleraria a tramitação das medidas do PAC. "O objetivo do governo e do PSDB é não obstruir as votações", afirma a líder da bancada petista, Ideli Salvatti (SC).

Mais manso 1. O Senado, que balançou o primeiro governo Lula com a inesquecível "CPI do Fim do Mundo", vive outro momento. Em conversas reservadas, governistas colheram sinais de que senadores da oposição, inclusive os do DEM, estão menos dispostos ao confronto do que seus colegas da Câmara.

Mais manso 2. Um cardeal oposicionista lembra que o ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, presença certa no banco de depoentes da CPI do Apagão Aéreo, já foi senador e mantém amigos na Casa. O cardeal pergunta, em tom de descrença: "Você por acaso acha que vão fazer com ele o que fizeram com o pessoal de Ribeirão Preto?".

Mais manso 3. A aprovação, na semana passada, da medida provisória que destina R$ 20 milhões para auxiliar a reforma agrária na Bolívia contou com a providencial ajuda do líder da bancada do DEM no Senado. O aguerrido José Agripino (RN) resolveu dar uma forcinha ao governo porque seu irmão, Oto Agripino Maia, é embaixador do Brasil no país vizinho.

Bússola. Os presidentes do PSDB, Tasso Jereissati (CE), e do DEM, Rodrigo Maia (RJ), devem almoçar juntos nesta semana na tentativa de obter um mínimo de afinação entre os discursos dos dois partidos oposicionistas. Desde a campanha eleitoral do ano passado, o senador e o deputado só fazem se desentender.

Calendário 1. O Ministério Público, que trabalhou de forma compartilhada com a Receita e a Polícia Federal nas investigações sobre suspeitas de venda de sentenças no Judiciário Federal paulista, foi seguidas vezes alertado pela PF de que a Operação Têmis não poderia ser realizada na sexta-feira, 13 de abril.

Calendário 2. O ministro Félix Fischer, do STJ, demorou a expedir os mandados de busca e apreensão. Com isso, a Operação Hurricane, no Rio, precedeu a operação paulista em uma semana. Só então os procuradores do MPF entenderam a preocupação da PF.

Cutucão. A demora nas nomeações de segundo escalão fez surgir na bancada do PMDB a idéia de discutir, na CCJ da Câmara, a limitação do uso de medidas provisórias pelo governo. Coincidência ou não, o tema entrou na pauta da comissão nesta semana.

Jogado ao mar. Para tornar mais palatável a lista de seus candidatos a cargo na máquina federal, entregue ao Planalto na semana passada, o PMDB excluiu o nome do ex-senador Luiz Otávio, já "gongado" em outras ocasiões.

Etanol em SP 1. Será instalada amanhã a Comissão Especial de Bioenergia do Estado de SP, criada por José Serra para apresentar, em seis meses, um plano de ações.

Etanol em SP 2. Presidida pelo físico José Goldemberg, a comissão terá seis secretários estaduais e os especialistas Marcos Jank (USP), Isaías Macedo (Unicamp), o ex-ministro Roberto Rodrigues (Unesp) e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor cientifico da Fapesp.

Tiroteio

Pelo menos Lula está aprendendo a planejar. Deu ao Mangabeira um ministério para que, no longo prazo, ele aprenda a falar português.


Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI) sobre a indicação, para ocupar a nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, de Roberto Mangabeira Unger, que tem forte sotaque derivado de seus anos como professor na Universidade Harvard.

Contraponto

Tudo menos isso

Em 1999, ao assumir seu primeiro mandato de deputado, Fernando Coruja (PPS-SC) costumava brincar com Doutor Hélio (PDT-SP), hoje prefeito de Campinas, sobre o tempo que cada um passava na tribuna. Cansado de ouvir que se estendia demais nos discursos, o catarinense resolveu dar o troco ao colega:
-Você fala tanto que, graças a isso, consegui resolver o problema de indisciplina do meu filho pequeno.
Intrigado, Doutor Hélio quis saber o motivo.
-Toda vez que ele faz algo errado, ameaço colocá-lo para assistir à TV Câmara. E ele pede desculpas, desesperado, dizendo: "Doutor Hélio não! Doutor Hélio não!"


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