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Ciro insulta Ministério Público e deputados
Ele negou que sua mãe tenha utilizado
passagens da sua cota aérea para ir a NY
"Ministério Público é o caralho! Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputados. Pode escrever
o caralho aí", afirmou ele
Lula Marques/Folha Imagem
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No café da Câmara, Ciro fala a jornalistas sobre o escândalo do uso pessoal pelos congressistas de cotas de passagens aéreas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre as muitas reações às
medidas anunciadas pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), contra a "farra das passagens", a do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) foi a
mais "raivosa". Indignado, ele
chamou colegas de "babacas" e
falou palavrões enquanto conversava com jornalistas.
Ao negar em plenário que tenha emitido passagens de sua
cota para a sua mãe ir a Nova
York (EUA), Ciro foi mais moderado. "Trata-se de leviana e
grosseira mentira aquilo que
foi feito, envolvendo pelo menos o nome de minha mãe, octogenária", disse.
Minutos depois, no entanto,
Ciro, ex-candidato a presidente
da República, repetiu por diversas vezes aos jornalistas que
creditavam a informação ao
Ministério Público: "Ministério Público é o caralho! Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputados". "Pode
escrever o caralho aí", disse.
Ainda muito irritado, o deputado criticou as medidas, anunciadas ontem, que vetam o uso
da cota por familiares, chamando alguns colegas, sem dar nomes, de "babacas". "Até ontem
era tudo [o uso de passagens] lícito, então por que mudou? É
um bando de babaca", disse.
Em referência a Fernando
Gabeira (PV-RJ), o deputado
do Ceará também fez críticas a
colegas que "se dizem do grupo
dos éticos, mas dão passagens
aos seus parentes". Ciro disse
que não só não usou sua cota
para sua mãe como devolveu,
desde 2007, R$ 189 mil aos cofres públicos.
Na última pesquisa Datafolha, feita em março, Ciro aparece em primeiro ou em segundo
lugar na corrida presidencial, a
depender do cenário.
Além dele, o deputado Sílvio
Costa (PMN-PE) também fez
fortes críticas a Temer. Ele afirmou que vai recorrer em plenário caso seja aprovado o ato da
Mesa que acaba com o uso da
cota para parentes. "Não é justo
que mulher e filhos não possam
vir a Brasília. Quer dizer que
agora eu venho para Brasília e
minha mulher fica lá? Assim
vocês querem que eu me separe. É preciso acabar com essa
hipocrisia. Ou a Câmara tem a
coragem de falar a verdade ou
cada dia vamos apanhar mais",
disse, para logo a seguir ser
aplaudido por colegas.
Integrantes do PT, em reunião na tarde de ontem, também criticaram o presidente da
Casa. O entendimento é que
não se pode tomar atitudes de
acordo com reportagens publicadas na imprensa. Ao contrário, Gabeira, que também teve
seu nome envolvido no escândalo das passagens, foi à tribuna para defender Temer e dizer
que em dez dias vai anunciar
uma proposta de redução de
custos "indolor" aos deputados.
Gabeira, que admitiu ter cedido
passagens a uma de suas filhas,
afirmou que já solicitou um levantamento para devolução do
dinheiro e que passou "por um
corredor polonês na imprensa". "Eu arranhei minha imagem espontaneamente [ao admitir a emissão da passagem].
Não poderia trabalhar aqui fingindo que eu não usei."
(MARIA CLARA CABRAL)
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