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Senado paga motorista de ministro
em BH
Assistente parlamentar lotado no gabinete de Wellington Salgado exerce função de condutor da família de Hélio Costa
Costa confirma que Januário Rodrigues trabalha para ele e diz que vai consultar a Mesa Diretora para saber se existe "incompatibilidade"
ADRIANO CEOLIN
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Assistente parlamentar lotado no gabinete do senador Wellington Salgado (PMDB-MG),
Januário Rodrigues exerce em
Belo Horizonte a função de motorista da família do ministro
das Comunicações, Hélio Costa. Em 16 de fevereiro deste
ano, o salário dele subiu de
R$ 2.247,72 para R$ 2.694,64
mensais, de acordo com ato do
diretor-geral do Senado.
Januário foi nomeado em
2003, logo após a posse de Costa como senador. Na semana
passada, a Folha localizou na
Delegacia de Furtos e Roubos
de Belo Horizonte um boletim
de ocorrência em que ele declarou trabalhar para o ministro.
Em 10 de abril de 2007, Januário foi à polícia registrar o
roubo do veículo SpaceFox
preto, placa HFP 7928. O automóvel tem Hélio Costa como
proprietário e, segundo o motorista, era usado para "atender
à família". O carro foi encontrado horas depois do roubo.
A ocorrência está registrada
sob o número 104.591. Na
quinta-feira passada, a Folha
deslocou-se até o endereço que
Januário disse morar na capital mineira. Lá, encontrou o filho dele Delton Rodrigues. Ele
não quis dar entrevista, mas
disse que informações sobre o
pai poderiam ser obtidas no local onde mora o ministro.
Na sexta-feira, a reportagem
falou com um dos porteiros do
edifício onde vive Costa e sua
família -num bairro nobre na
zona sul de Belo Horizonte. A
conversa foi gravada. O funcionário confirmou que Januário
trabalha para o ministro e tem
como uma de suas tarefas levar
os filhos de Costa à escola.
Por meio de nota, o ministro
das Comunicações confirmou
que Januário Rodrigues trabalha para ele desde 1990. "Está
lotado no gabinete do Senado
desde 2003, quando fui eleito
para o mandato de senador da
República. Cumpre jornada em
meu escritório e base eleitoral,
em Belo Horizonte, das 8h às
14h", disse Costa.
O ministro justificou ainda
que, depois de ser convidado
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a assumir o Ministério das Comunicações, decidiu
manter o seu vínculo administrativo com o Congresso Nacional. Lembrou que optou por
receber o salário do Senado,
abrindo mão dos vencimentos
de ministro.
Costa também ficou de encaminhar requerimento à Mesa
Diretora do Senado para saber
se há "incompatibilidade na
manutenção de Januário"
como seu motorista em Belo
Horizonte.
À Folha o senador Wellington Salgado, suplente de Costa,
disse que vai esperar a resposta
da Mesa antes de tomar uma
decisão. "Se for irregular, vamos nos adequar", afirmou.
Secretária
Trata-se do segundo caso de
desvio de função envolvendo o
ministro e o seu suplente. No
último dia 10, a Folha revelou
que a secretária particular de
Costa, Eliana Maria de Jesus
Ros, está lotada no gabinete de
Salgado com salário de
R$ 7.484,43. Ela, no entanto, dá
expediente no ministério.
À Folha Eliana disse que, no
final do ano passado, procurou
o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, para saber se
sua situação era irregular.
De acordo com ela, Agaciel
respondeu que não haveria
problema.
Na semana passada, Salgado
fez uma consulta à advocacia
do Senado sobre o caso de Eliana. "Mas eu decidi que é melhor exonerar. Combinei com o
ministro que ela deverá ser lotada no ministério", disse.
Em maio do ano passado, a
Folha revelou que Eugenio
Alexandre Tollendal Costa, filho do ministro, era funcionário-fantasma no gabinete do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O rapaz, que recebia
R$ 2.649,46 mensais, foi exonerado depois da publicação da
reportagem.
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