São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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Figueiredo já passava dados ao Paraguai em 1965

DA AGÊNCIA FOLHA, EM ASSUNÇÃO

Um documento que fazia parte dos arquivos sobre a Operação Condor, no Paraguai, mostra que o ex-presidente João Baptista Figueiredo (79-85) passava, já em 1965, informações sobre paraguaios que viviam no Brasil ao governo de Alfredo Stroessner.
O informe, encontrado quando os arquivos foram abertos, em 1992, está hoje desaparecido, mas o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Jair Krischke, tirou uma cópia dele em 1993.
O documento foi enviado pelo então coronel Figueiredo ao embaixador paraguaio Raul Peña. "Averiguações realizadas em Mato Grosso comprovam que existe uma articulação de elementos paraguaios organizados em três colunas com o objetivo de fazer explodir um movimento revolucionário por meio de ações guerrilheiras contra o governo do presidente Stroessner", diz, revelando 14 nomes de paraguaios. Figueiredo informa que já haviam ocorrido, no Brasil, prisões de paraguaios ligados com a guerrilha.
A informação sobre o desaparecimento de alguns documentos, entre eles o de Figueiredo, foi confirmada pelo médico Alfredo Boccia Paz, autor do livro "Es mi informe" e pelo senador Francisco de Vargas, que disse ter visto, antes de 1993, pelo menos um dos documentos desaparecidos.
Também desaparecem um documento relatando os métodos utilizados pela Agência Interamericana de Desenvolvimento e a carta pela qual o bispo Demetrio Aquino informava o chefe de investigações, Pastor Coronel, sobre atividades da Igreja Católica. O bispo era conhecido por sua ligação com Alfredo Stroessner.
O professor Martín Almada, que descobriu os "arquivos do terror" no Paraguai, quer uma investigação sobre os desaparecimentos: "O mais grave não é o que sumiu depois, é o que deve ter sumido antes da abertura dos arquivos". (LÉO GERCHMANN)


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