São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

PSDB e PMDB sondam vida de Gerson Camata antes da indicação

Rita Camata é confirmada como vice da chapa de Serra

Alan Marques/Folha Imagem
Sorrindo, o presidente da Câmara, Aécio Neves, e Rita Camata se abraçam enquanto Serra fala na entrevista que anunciou a chapa


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Avisada de que se surgir um problema de ordem ética haverá substituição imediata, a deputada federal Rita Camata (PMDB-ES) foi indicada ontem para vice do pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, o senador José Serra.
A indicação de Rita, vista por Serra como mais capaz de atrair votos do que o senador Pedro Simon (RS), foi resultado de negociações tensas nos últimos dias.
Dirigentes peemedebistas ficaram reunidos até as 2h de ontem no apartamento do presidente do PMDB, Michel Temer (SP). Segundo um dos presentes, Serra mostrou inclinação por Rita, mas tinha dúvidas por temer denúncias contra o marido da deputada, o senador e ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata.
Assessores informais do PSDB estiveram no Espírito Santo vasculhando a vida do casal Camata. Tucanos e peemedebistas sondaram redações de jornais e revistas para saber se havia reportagem comprometedora em produção.
O próprio senador Camata foi questionado mais de uma vez por peemedebistas e por Serra a respeito de seu passado político. Ele respondeu que não existe algo desabonador e que acusações de ligação com o narcotráfico capixaba são totalmente infundadas.
Apesar de o PMDB ter assumido a paternidade da indicação, a decisão final coube a Serra e à cúpula de sua campanha. Havia mais apoio partidário a Simon, político considerado mais denso e menos vulnerável. FHC, a quem se creditava resistência ao gaúcho, fez questão de deixar claro a interlocutores que foi Serra o pai da opção pela deputada capixaba.
Por meio de seu porta-voz Alexandre Parola, FHC reafirmou que não houve o veto. "O presidente jamais manifestou qualquer restrição à eventual candidatura do senador Pedro Simon, com quem mantém antigas relações pessoais. A escolha do nome da deputada Rita Camata foi do PMDB, certamente em contato com o PSDB, mas sem a participação direta do presidente."
Anteontem à noite, no Palácio da Alvorada, Serra demonstrou perante FHC insegurança quanto à opção por Rita. No PSDB e no próprio PMDB, a escolha é classificada como de "alto risco".
No entanto, avaliando que precisa produzir fatos positivos para sair do empate técnico com Anthony Garotinho (PSB) no segundo lugar nas pesquisas e evitar um eventual avanço de Ciro Gomes (PPS), Serra optou ontem à tarde pela solução "marqueteira".
A intenção é usar Rita para atrair o eleitorado feminino, grupo no qual o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva aumentou seu grau de intenção de voto, segundo o Datafolha. Mulher bonita, Rita suavizaria a chapa, tentando trazer para Serra parte dos votos que criaram o "fenômeno Roseana Sarney". O marqueteiro de Serra, Nizan Guanaes, fez os programas de TV que catapultaram Roseana à segunda colocação nas pesquisas.
Mas Nizan delegou a escolha a Serra, afirmando que Simon e Rita tinha vantagens diferenciadas. O PMDB também decidiu transferir a decisão a Serra, já que o vice preferido da cúpula se inviabilizou -o deputado Henrique Alves (RN) saiu do páreo após acusação de possuir suposta fortuna no exterior não-declarada.
A cúpula, que contabiliza pelo menos 60% dos votos na convenção oficial de 15 de junho, julgou menos importante impor o vice e mais conveniente agradar a Serra.
Ao anunciar a escolha de Rita, Temer disse estar "consolidada a aliança do PMDB com o PSDB". Segundo Temer, Simon comprometeu-se a apoiar a indicação e a tese da aliança na convenção.
O presidente do PSDB, José Aníbal, também julgou o anúncio da candidata a vice como "o marco definitivo da aliança".


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