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Ministério Público acusa Rita de ferir Lei Eleitoral
LUIZ CAVERSAN
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
Na tela da TV aparece a imagem
da deputada Rita Camata, com
destaque para seus cabelos louros
e olhos claros. Diz o locutor: "O
amor ao trabalho, à terra e à família foram exemplos vividos na infância pela menina Rita".
Em seguida, a "menina Rita" é
quem fala: "Uma história política
se faz quando você vê o resultado
do seu trabalho na vida de cada
pessoa. Aí você descobre que valeu a pena".
Esses são trechos dos programetes do PMDB do Espírito Santo, o Estado da "menina Rita", levados ao ar em março, e que mostram diversas imagens de Rita Camata e de seu marido, o senador
Gerson Camata.
O Ministério Público Eleitoral
do Espírito Santo considerou as
referências a Rita e seu marido
um "panegírico", ou seja, discurso em louvor de alguém, e que,
portanto, feriram a Lei Eleitoral
no artigo que veta qualquer tipo
de promoção pessoal em programa de partido eleitoral.
A descrição das imagens consta
da representação do Ministério
Público contra Rita Camata, vice
do pré-candidato à Presidência
José Serra (PSDB), e seu marido, à
qual a Folha teve acesso.
Ambos devem ser noticiados
em breve e terão 48 horas para se
defender. Em caso de condenação, deverão pagar multa e o próximo programa do PMDB local
não irá ao ar.
Único caso
Essa pendência eleitoral foi o
único problema judicial relacionado a Rita, agora vice do pré-candidato José Serra, no Espírito
Santo, Estado pelo qual a deputada exerce seu quarto mandato
consecutivo na Câmara.
Pelo Tribunal de Justiça do Estado e pelo Ministério Público Estadual nunca passou nenhum
processo ou denúncia contra a
deputada, conforme foi informado à Folha.
Há apenas esse processo na Justiça Eleitoral, que também está
julgando as contas do PMDB no
Estado, hoje presidido pela deputada, que ainda não foram aprovadas. As contas de sua última
campanha eleitoral receberam sinal verde do TRE.
Elogios
Ao longo desta semana, enquanto seu nome era ainda cogitado para ser vice de Serra, Rita
Camata recebeu elogios diversos.
A indicação deveria "servir de
motivação para todos", disse o
deputado federal pelo PFL José
Carlos Fonseca, enquanto o deputado pelo PPS Ricardo Ferraço
destacava a preocupação social da
deputada.
Integrante do Ministério Público Estadual e notório "caçador de
falcatruas", o promotor Fabio Vello disse nunca ter tido conhecimento de nada que pudesse desabonar a agora pré-candidata.
Mesmo o PT local, com quem
Rita tem diferenças sérias, nada
disse contra ela: "Meu partido
tem candidato à Presidência; para
mim, a indicação dela é indiferente", disse o deputado Estadual
Cláudio Vereza.
Até mesmo o responsável pelo
maior desgaste político de Rita
-que aconteceu quando ela concorreu à Prefeitura de Vitória, em
1996- fez comentários favoráveis a ela. "Sua posição sempre foi
firme, sóbria e sem demagogia",
disse o atual prefeito de Vitória,
Luiz Paulo Vellozo Lucas, que bateu Rita nas urnas em 96 e se reelegeu em 2000, em entrevista à TV
nessa semana. Vellozo Lucas é,
também, um dos coordenadores
da campanha de Serra.
Na campanha de oito anos
atrás, a única da deputada por um
cargo no Executivo, os partidários
de Lucas usaram e abusaram do
fato de Rita ter sido a relatora do
projeto que criou o Estatuto da
Criança e do Adolescente para insinuar que a criminalidade infantil tomaria conta de Vitória caso
ela fosse eleita. "Aqui eu sou a
mãe dos pivetes, a madrinha dos
bandidos. É uma coisa que dói
muito", afirmou ela à época.
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