São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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JANIO DE FREITAS

Outras candidaturas

Se é verdade que o Brasil, ao que diz Fernando Henrique Cardoso, "corre o risco de se transformar em uma Argentina", dependendo de quem seja o seu sucessor, são incorretas as repetidas críticas do mesmo Fernando Henrique Cardoso às corretoras internacionais que desaconselharam investimentos estrangeiros em papéis brasileiros -o que implica reprovação não só do líder das pesquisas, mas também da obra produzida pelo atual governo.
Nos muitos anos em que presidiu a Fiesp, Mario Amato não legou uma só palavra exemplar que o lembre à posteridade. Mas será sempre lembrado como autor do terrorismo verbal que marcou um dos momentos mais indignos da política brasileira, quando pronunciou a fraude de que 800 mil empresários deixariam o Brasil se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito presidente.
Para ajudar seu candidato a presidente, Fernando Henrique Cardoso não precisaria candidatar-se a Mario Amato. Se mais não fosse, ao menos por não lhe convir, nem ao candidato, projetar mais desconfiança sobre o país que deixará ao sucessor. País recordista em altitude dos juros e que, está nos jornais de hoje, não pode reduzir os mortais 18,5% nem mesmo na esperada insignificância de 0,25 ponto percentual.
Não conviria, também, alinhar-se ao padrão da Merrill Lynch, que iniciou o recente ataque ao Brasil e agora, nos Estados Unidos, vai pagar multa de US$ 100 milhões por comportamentos tão desonestos como, entre outros, "relatórios enganosos sobre pesquisas de ações". Já foi feito à Merrill Lynch o agradecimento suficiente pelo prejuízo do seu ataque ao Brasil: o representante-mór da Merrill Lynch condenada por desonestidade está se tornando, por designação de Fernando Henrique, integrante do Conselho de Ética do governo.
É Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Fazenda de Collor e atual presidente da Associação Comercial do Rio, graças a uma mágica, porque não é do comércio.

A Rita levou
A julgar por seu desempenho como deputada, Rita Camata tem muitas afinidades conceituais com José Serra, em relação a problemas brasileiros. Na prática política, porém, tem sido muito mais independente e afirmativa. Bem mais definida nas questões sociais, que são seu tema predileto. Não tem ranço tecnocrático nem maneirismos de político, o que lhe permite ter o aspecto de uma pessoa. Apesar da beleza, em matéria de discrição lembra a senadora Marina Silva, e não Marta Suplicy.
Se acalmar um pouco a turbulenta candidatura de José Serra, já dará uma contribuição forte. Se chegar ao governo e não acomodar as idéias e os princípios, poderá dar, embora o vice seja quase nada, as contribuições que Marco Maciel fica devendo.


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