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PT SOB SUSPEITA
Segundo Promotoria, documentos apresentados por Rosângela Gabrilli para comprovar depósitos são verdadeiros
Quebra de sigilo revela pagamento a acusado
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria criminal de Santo
André (SP) afirmou que Sérgio
Gomes da Silva, amigo íntimo do
prefeito assassinado Celso Daniel
(PT), recebeu em sua conta bancária R$ 100 mil, que teriam sido
depositados por empresários de
ônibus da cidade em dezembro de
1998, ainda na gestão do petista. O
valor foi confirmado na quebra de
sigilo bancário.
Na ocasião, Gomes da Silva não
trabalhava na prefeitura, mas
exercia uma grande influência na
administração e era favorecido
pela amizade com o ex-prefeito,
segundo informações prestadas
ao Ministério Público de São Paulo por amigos e funcionários.
Um advogado do empresário
disse "estranhar" e "desconhecer" os depósitos. Os valores, no entanto, foram
anotados em um documento
apócrifo encaminhado aos promotores pela empresária de ônibus Rosângela Gabrilli, há cerca
de um mês. Ela foi a primeira a
denunciar ser vítima do suposto
esquema de cobrança de propina.
Esse papel seria, segundo a empresária, uma espécie de "prestação de contas" da propina, uma
forma de garantir às empresas
que as parcelas estavam corretas.
Além de especificar a conta bancária de Gomes da Silva, são relacionadas sete empresas de ônibus, com a respectiva frota e o valor dos depósitos.
Com esse documento em mãos,
a Promotoria solicitou a quebra
do sigilo bancário. Por meio dos
extratos, confirmou que os depósitos efetivamente ocorreram.
"Os papéis apresentados pela
empresária estão integralmente
confirmados pela quebra do sigilo", disse o promotor José Reinaldo Carneiro. "Entretanto, não podemos descer às minúcias porque
a conta está protegida por sigilo."
O promotor Roberto Wider Filho, também responsável pelo caso, confirmou a autenticidade das
informações. "Confirmamos a
veracidade de todos os documentos apresentados por ela."
O terceiro promotor do caso,
Amaro José Thomé Filho, não
respondeu se os depósitos foram
feitos em dinheiro ou em cheque.
Os seis acusados no suposto esquema de arrecadação de propina
de empresários da cidade, incluindo Gomes da Silva e o vereador e ex-secretário de Serviços
Municipais, Klinger Luiz Oliveira
de Souza (PT), foram denunciados (acusados formalmente à Justiça) pelos crimes de formação de
quadrilha e extorsão. Todos dizem negar as acusações.
Detalhes
A partir da quebra do sigilo bancário, a Promotoria irá rastrear o
destino dado aos valores depositados na conta de Gomes da Silva.
No caso da Viação São José, por
exemplo, que pertence à família
Gabrilli, a parcela citada no documento (R$ 21.231) foi paga em
duas prestações (R$ 9.981 e R$
11.250), ambas em dinheiro e no
dia 30 de dezembro de 1998. As
demais empresas são: Ensa (Expresso Nova Santo André), Humaitá, Curuçá, Padroeira, São Camilo e Parque das Nações.
Segundo Rosângela, os depósitos eram exceções. "Pagávamos
quase sempre em dinheiro. Não
sei o que aconteceu para que depositassem o dinheiro", disse a
empresária, que afirmou ter tido
"sorte" ao encontrado os papéis
na gaveta de documentos do pai,
o empresário Ângelo Gabrilli Filho. "Meu pai está muito doente e
não se recorda do que ocorreu."
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