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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
PFL não estanca críticas de Lembo ao PSDB
Governador recebe cúpula do partido, mas faz novos ataques a Serra e Alckmin, dizendo que "lealdade" demorou a chegar
Pefelistas também criticam encontro tucano nos EUA e declaração de Tasso de que
Alckmin não tem carisma e precisa ser mais agressivo
CATIA SEABRA
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da fotografia -produzida ontem com a visita da
cúpula do PFL ao pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB)- o
governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), expôs, mais
uma vez, suas críticas ao tucanato, após receber o comando
de seu partido no Palácio dos
Bandeirantes. Esperava-se que
o encontro pusesse um ponto
final do mal-estar entre PSDB e
PFL. Mas os pefelistas afirmam
que, em nenhum momento, pediram que Lembo amenizasse
suas declarações sobre o PSDB.
E, um dia após receber Alckmin e o ex-prefeito José Serra,
Lembo disse que "a lealdade
sempre demora para chegar a
determinadas pessoas". "Quanto mais evoluídas intelectualmente, mais demora a lealdade
para chegar." Os dois tucanos
vêm sendo alvo de críticas de
Lembo desde a última quarta,
quando deu entrevista à Folha.
O PSDB foi alvo de ironias
mesmo na reunião com o comando pefelista na ala residencial do Palácio. "Descobri que a
capital do Brasil não é Buenos
Aires. É Nova York. É uma descoberta notável", disse ele, numa referência à reunião dos tucanos Aécio Neves, Tasso Jereissati e Fernando Henrique
Cardoso nos Estados Unidos,
na semana passada, para discussão da campanha eleitoral.
Na conversa, o líder do PFL
na Câmara, Rodrigo Maia,
brincou ao se oferecer como
parceiro de Lembo nas críticas
a FHC. Após a reunião, o governador disse que foi objeto da
deslealdade "de muita gente" e
que sua mágoa de Alckmin
(que só lhe telefonou duas vezes) passou. "No mundo sempre se sofre [deslealdades] a todo momento. Mas felizmente a
semana passada passou".
Tasso
Os pefelistas também não
pouparam o presidente do
PSDB, Tasso Jereissati, de alfinetadas após o senador ter dito
que Alckmin não tem carisma e
por isso deve adotar uma campanha mais agressiva. "Ele falou isso porque estava em Nova
York. No Brasil, não diria", disse o senador José Jorge (PE),
vice de Alckmin. "Vamos esperar ele voltar de Nova York para
explicar melhor", afirmou o senador Heráclito Fortes (PI).
"Não entendo de tucano. Já
disse publicamente. Sou um
homem simples demais", afirmou Lembo, declarando seu
afeto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Tentaram
me intrigar com Lula. Quero
bem ao Lula. E ponto. Falo publicamente." Lembo não foi ao
escritório de Alckmin, onde o
presidente do PFL, Jorge Bornhausen, anunciou, formalmente, a data e o local de oficialização da aliança com PSDB:
dia 29, em Recife.
Alckmin
Em entrevista, Alckmin negou que Tasso tenha dito que
perdera seu "cartão de visita"
com a crise de segurança em
São Paulo. "Não concordo porque ele não disse isso", reagiu.
Alckmin também rejeitou a
proposta de adoção de um tom
mais agressivo na campanha.
"A campanha está indo muito
bem, não poderia estar melhor", disse ele, ressaltando
que, em 2002, a aliança "não foi
possível a nível nacional", mas
foi fechada no Estado.
Alckmin minimizou a idéia
de divergências em sua campanha. Mas, muito questionado
sobre a crise com o PFL, se
exaltou: "Vou disputar a nona
eleição. Se você for dar ouvido
para fofoca, não faz mais nada".
Alckmin foi sarcástico ao comentar ao dizer que "acha ótimo que Lula elogie Lembo".
"Dessa vez, ele acertou. Porque
passou os meses todos elogiando os 40 ladrões [referindo-se
aos 40 acusados de envolvimento no esquema do mensalão pela Procuradoria]. Agora,
elogiou o homem correto."
Agressividade
Apesar das declarações de
Alckmin, o coordenador-geral
da campanha, senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE), admitiu
que "deu confusão o conjunto
da obra [da viagem dos tucanos
aos Estados Unidos]". Ele disse
que a campanha de Alckmin
"será compulsoriamente mais
agressiva", à medida em que há
"o contraditório". "Difícil que
não avance para um discurso
mais ofensivo", afirmou.
Hoje à tarde, FHC reúne ex-ministros do seu governo para
reunir dados contra os ataques
petistas. "Vamos dar uma resposta. Não vamos deixar nenhum tipo de crítica sem contestação", disse José Gregori,
ex-ministro da Justiça. Mas a
idéia de manifestação de FHC
assusta os aliados de Alckmin,
que temem que a comparação
domine a campanha eleitoral.
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