|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Funcionária da Casa Civil formatou o dossiê tucano
Maria Soledad, chefe de gabinete da secretária-executiva de Dilma, criou a planilha
PF deve concluir que houve atropelo às normas da administração pública na confecção da planilha com gastos do governo FHC
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Foi a funcionária da Casa Civil Maria de la Soledad Castrillo
quem abriu a planilha em Excel
e deu formato ao dossiê de gastos do governo FHC.
Conhecida como Marisol, ela
é a diretora de Recursos Logísticos e chefe de gabinete de
Erenice Guerra, a secretária-executiva e principal assessora
da ministra Dilma Rousseff.
O documento foi criado no
sistema de computadores do
Palácio do Planalto já com as
características que a própria
ministra havia apontado como
fora do padrão do sistema oficial de despesas: a edição sem
ordem cronológica, a organização em colunas e os comentários com viés político. A coluna
"observações", apontada por
Dilma como indício de que o
documento revelado em março
pela imprensa podia ser uma
montagem, existia desde a primeira versão do arquivo.
Segundo a Folha apurou, a
Polícia Federal deverá concluir
que houve atropelo às normas
da administração pública na
confecção da planilha com gastos exóticos de Fernando Henrique, Ruth Cardoso e ex-ministros.
Seguindo-se as regras internas da Casa Civil, um levantamento desse tipo deveria ter sido feito exclusivamente pela
diretoria de Orçamento (de
Gilton Saback), e não pela diretoria de Logística (de Marisol)
e pela secretaria de Administração (de Norberto Temóteo).
Servidores de diferentes
áreas da Casa Civil, em depoimentos à PF lidos a integrantes
da CPI dos Cartões, disseram
que, a mando de Temóteo, Marisol requereu ao arquivo os
processos relacionados a despesas do governo FHC.
Coordenadora de uma força-tarefa de dez funcionários, Marisol foi encarregada de definir
o formato da planilha a fim de
confrontar os gastos de FHC
com os do governo Lula, bem
como fechar sua versão final.
Conforme os servidores, a
motivação foi responder a uma
demanda da CPI dos Cartões,
que na ocasião nem sequer havia sido instalada. O objetivo
era buscar informações similares aos gastos do governo Lula
com cartões corporativos divulgados pela imprensa. Daí a
ênfase em artigos ditos de luxo
e bebidas alcoólicas.
De acordo com os depoimentos prestados à PF e relatados à
CPI, a equipe inseriu pouco a
pouco os dados na planilha, alimentando todas as suas linhas
e colunas paulatinamente.
O dossiê foi vazado em 20 de
fevereiro por José Aparecido
Nunes Pires, chefe de Controle
Interno, em e-mail endereçado
ao gabinete do senador Álvaro
Dias (PSDB-PR) -segundo ele,
"por descuido". Aparecido declarou à CPI nesta semana que
recebeu o documento "pronto"
de funcionário que ele havia
cedido a Temóteo.
Até o momento, Aparecido é
o único indiciado da investigação. Foi acusado pela PF de ter
praticado o crime de violação
de sigilo funcional. Significa dizer que ele não poderia ter repassado a nenhuma pessoa dados aos quais teve acesso por
conta do cargo que ocupa, independentemente de as informações terem caráter sigiloso.
A Casa Civil disse que Marisol não quer se pronunciar sobre o assunto. Há mais de um
mês, a Folha reitera pedidos de
entrevista com a diretora e
com outros servidores do ministérios envolvidos na produção do dossiê.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|