São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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entrevista

Equatoriano deixa secretaria e critica órgão

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A poucas horas da cúpula constitutiva da Unasul, o mais novo organismo internacional perdeu seu primeiro secretário-geral. No cargo desde abril do ano passado, o ex-presidente equatoriano Rodrigo Borja (1988-1992), 72, renunciou devido às divergências com países da região, entre as quais o Brasil.

 

FOLHA - Por que o senhor renunciou à Secretaria Geral?
RODRIGO BORJA
- No último ano surgiu uma diferença em relação à minha proposta de que a Unasul deve englobar as instituições de integração sub-regional, a Comunidade Andina de Nações e o Mercosul. Minha tese é a de que todas devem formar apenas uma por uma fusão que dê toda a força, capacidade operadora e eficiência à Unasul.

FOLHA - Qual era a proposta brasileira nesse debate?
BORJA
- Foi a de que Unasul não deve ser uma entidade supranacional, e sim intergovernamental. Os poderes e as faculdades políticas e representativas do secretário-geral estão muito diminuídas no projeto do tratado. Boa parte das faculdades executivas foram transferidas ao chamado Conselho de Delegados de Unasul. Tenho uma profunda discrepância com isso, porque acredito que as faculdades executivas devem estar nas mãos do secretário-geral, que está 24 horas executando a operação da entidade. O conselho se reunirá a cada dois meses. Isso não permitirá um controle administrativo sobre a Unasul. Discordo de fazer da Unasul uma espécie de fórum. A América Latina já tem demasiados fóruns.

FOLHA - A Unasul é um fórum?
BORJA
- É mais uma estrutura de fórum do que uma instituição orgânica o que será aprovado amanhã [hoje].

FOLHA - O que há de positivo na cúpula de Brasília?
BORJA
- O positivo é criar uma instituição que abarque os 12 países no processo de integração. As instituições anteriores são sub-regionais. A Unasul soma 375 milhões de habitantes em quase 18 milhões de km2.

FOLHA - Como o sr. vê a frase de Simon Bolívar de que é mais fácil arar o mar do que integrar a região?
BORJA
- Cada vez mais, admiro a capacidade de olhar longe que Bolívar teve.


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