Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Equatoriano deixa secretaria e critica órgão
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A poucas horas da cúpula
constitutiva da Unasul, o
mais novo organismo internacional perdeu seu primeiro secretário-geral. No cargo
desde abril do ano passado, o
ex-presidente equatoriano
Rodrigo Borja (1988-1992),
72, renunciou devido às divergências com países da região, entre as quais o Brasil.
FOLHA - Por que o senhor renunciou à Secretaria Geral?
RODRIGO BORJA - No último
ano surgiu uma diferença em
relação à minha proposta de
que a Unasul deve englobar
as instituições de integração
sub-regional, a Comunidade
Andina de Nações e o Mercosul. Minha tese é a de que todas devem formar apenas
uma por uma fusão que dê
toda a força, capacidade operadora e eficiência à Unasul.
FOLHA - Qual era a proposta
brasileira nesse debate?
BORJA - Foi a de que Unasul
não deve ser uma entidade
supranacional, e sim intergovernamental. Os poderes e
as faculdades políticas e representativas do secretário-geral estão muito diminuídas no projeto do tratado.
Boa parte das faculdades
executivas foram transferidas ao chamado Conselho de
Delegados de Unasul. Tenho
uma profunda discrepância
com isso, porque acredito
que as faculdades executivas
devem estar nas mãos do secretário-geral, que está 24
horas executando a operação
da entidade. O conselho se
reunirá a cada dois meses. Isso não permitirá um controle administrativo sobre a
Unasul. Discordo de fazer da
Unasul uma espécie de fórum. A América Latina já
tem demasiados fóruns.
FOLHA - A Unasul é um fórum?
BORJA - É mais uma estrutura de fórum do que uma instituição orgânica o que será
aprovado amanhã [hoje].
FOLHA - O que há de positivo na
cúpula de Brasília?
BORJA - O positivo é criar
uma instituição que abarque
os 12 países no processo de
integração. As instituições
anteriores são sub-regionais.
A Unasul soma 375 milhões
de habitantes em quase 18
milhões de km2.
FOLHA - Como o sr. vê a frase de
Simon Bolívar de que é mais fácil
arar o mar do que integrar a região?
BORJA - Cada vez mais, admiro a capacidade de olhar
longe que Bolívar teve.
Texto Anterior: Unasul funcionará sem aval legislativo Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá Índice
|