São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Candidatos devem recusar vários convites de emissoras

Lula e Serra tentam evitar excesso de aparições na TV

RENATA LO PRETE
PLÍNIO FRAGA

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que a TV seja essencial em seus planos, as equipes dos dois presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas tentam evitar que a campanha se torne exclusivamente eletrônica antes mesmo do início do horário eleitoral gratuito, em 20 de agosto.
Na avaliação de assessores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB), é o que deve ocorrer se forem aceitas todas as propostas de debates e entrevistas feitas pelas emissoras. Pelo observado até agora, várias não deverão vingar. Fechado e com datas definidas até o momento há apenas o pacote de cobertura acertado pela Rede Globo com os quatro principais concorrentes ao Palácio do Planalto -além de Lula e Serra, Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
Na quinta-feira foi sorteada a ordem das entrevistas que serão levadas ao ar em três telejornais da casa (veja quadro nesta página). O debate de primeiro turno da Globo ocorre em 3 de outubro, a três dias da votação e no último dia da campanha legal.
A Bandeirantes, que diz ter obtido dos candidatos o compromisso de tê-los no primeiro debate televisivo de 2002, ainda não conseguiu fechar uma data. Espera anunciá-la no início da semana.
A primeira oferta (14 de julho) foi rejeitada pela equipe de Lula. A segunda (21 de julho), pela de Serra. A escolha deverá recair sobre 4 de agosto, um domingo. O canal também promete entrevistas, ainda sem data, no "Jornal da Band" e no "Jornal da Noite", além de mais um "Canal Livre" com cada um dos quatro (da primeira rodada, já foram ao ar os de Ciro e Garotinho; hoje será a vez de Lula e, no domingo que vem, de Serra).

Agenda difícil
No entanto, assessores ouvidos pela Folha acham improvável que essas solicitações sejam todas atendidas. Na esteira do plano anunciado pela Globo, também o SBT manifestou interesse de realizar debate, mas desistiu da idéia. A data sugerida (7 de julho) encontrou resistência no PT e PSDB.
Mesmo na Globo, um dos projetos relacionados à eleição não vingou. Está praticamente descartada a possibilidade de promover nesta semana encontro dos presidenciáveis no programa de Jô Soares. O apresentador pretendia reuni-los antes de julho para escapar à rigidez das regras de debate que entrarão em vigor com o início oficial da campanha. Propôs fazê-lo no dia 28 de junho. Mas os petistas argumentaram que essa é a data da convenção do partido.
Terceiro e quarto colocados nas pesquisas, Garotinho e Ciro são mais receptivos aos convites. Menos aquinhoados -especialmente o ex-governador do Rio- com tempo no horário gratuito, valorizam ao extremo as aparições na programação regular das TVs.
Já no comando da campanha do PT, a extensa agenda televisiva é vista com reservas. Por liderar a corrida sucessória, Lula seria quem mais tem a perder com a exposição intensa, por se tornar alvo preferencial dos adversários ou pelo risco de uma declaração mal elaborada causar perda de votos entre a audiência.
Julho é considerado um mês arriscado na campanha petista. Em julho de 94, Lula foi ultrapassado por Fernando Henrique Cardoso, após um ano à frente nas pesquisas. Em 98, aproximou-se dos patamares de FHC em maio e junho. Em julho, o tucano distanciou-se novamente.

"Tanto debate"
Lula tem se referido com frequência à agenda apresentada pelas emissoras: "Nunca vi tanto debate na vida. Será que é porque estou na frente? Em 98, não houve debate." O partido quer empurrar para agosto o maior número possível de compromissos na TV. Acertadas as participações na Globo e Bandeirantes, a tendência é no mínimo dificultar a presença em eventos das demais emissoras.
"O espaço destinado pela TV fará com que o horário eleitoral tenha sua influência reduzida. O período entre 30 de junho e 19 de agosto será o mais importante. Vamos ter de adequar a agenda de Lula aos compromissos assumidos com a TV", afirmou o presidente do PT, José Dirceu.
Do lado tucano, a reserva é menor, mas também não se vê a disponibilidade incondicional de Ciro e Garotinho. A participação de Serra nos debates vem sendo negociada pelo publicitário Nelson Biondi. A de Lula, por Duda Mendonça. Biondi reconhece a importância da TV, mas ressalva: "Não podemos nos limitar à campanha eletrônica. Percorrer Estados é essencial". E a mídia eletrônica exige preparo: "Dez minutos de "Jornal Nacional" podem tomar um dia inteiro do candidato", diz.



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