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CAMPO MINADO
Entre janeiro e maio, foram 213 ações; mesmo período de 2003 teve 99
Invasões de terra têm aumento de 115% neste ano
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de invasões de terra
entre janeiro e maio deste ano
avançou 115% em relação ao mesmo período do ano passado -de
99 para 213 casos.
O número, o maior já registrado
nos cinco primeiros meses de um
ano pela Ouvidoria Agrária Nacional, contradiz o discurso de
campanha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Às vésperas
das eleições de 2002, o então candidato declarou que era a única
pessoa "capaz de fazer uma reforma agrária tranqüila".
Segundo a ouvidoria, criada em
1999 e vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário, só em
maio ocorreram 48 invasões, um
crescimento de 54% diante dos 31
casos do mesmo mês em 2003.
O total de invasões até 31 de
maio deste ano já se aproxima do
registrado em todo o ano passado, quando ocorreram 222 casos.
Em 2002, foram 103 invasões de
propriedades rurais.
A onda de ações no campo liderada pelo MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
dois meses atrás, no chamado
"abril vermelho", registrou 109
invasões de terra -o maior número já computado num único
mês pela ouvidoria. A onda vermelha, de acordo com o MST, começou na última semana de março e somente terminou na primeira quinzena de maio.
Para a ouvidora agrária nacional substituta, Maria de Oliveira,
escalada pelo governo federal para falar sobre o relatório, a onda
de invasões está relacionada ao
ritmo lento do governo no cumprimento das metas de assentamento. "A cobrança é inevitável."
De acordo com o Incra, 17,7 mil
famílias foram assentadas neste
ano até 16 de junho. A meta é de
47 mil famílias até o final deste
mês e de 115 mil até dezembro. Segundo o órgão, outras 13 mil já estão nas terras, mas com suas situações ainda não homologadas.
Neste ano, a maioria das invasões (95) ocorreu no Nordeste, seguido das regiões Sudeste (69),
Centro-Oeste (25), Sul (19) e Norte (5). Entre os Estados, Pernambuco, com 50 casos, lidera o ranking. Na seqüência vêm São Paulo
(34) e Minas Gerais (22).
Apesar de o ritmo de invasões
ter batido seguidos recordes, o
número de mortes decorrentes de
conflitos fundiários caiu em 2004.
Até 31 de maio, foram três assassinatos, sendo dois em Pernambuco e outro no Pará. Outras 11 mortes ocorridas neste ano ainda estão sob investigação policial.
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