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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Sem PSB, Lula terá Alencar novamente como seu vice
Petista define nome para não "expor" empresário, que reclamou de indefinição ontem
Em encontro com Eduardo Campos e Ciro Gomes, presidente foi informado de que socialistas não podiam fazer aliança formal com PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Ao se reunir com a cúpula do
PSB e ouvir que seria difícil
uma aliança formal com o PT, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem a ministros e
aliados que não poderia "expor
mais" o vice-presidente José
Alencar (PRB) e que repetiria a
dobradinha de 2002. Em jantar
à noite, Lula fez o convite, e
Alencar aceitou. A chapa será
anunciada amanhã na convenção do PT, em Brasília.
De manhã, Alencar dinamitou o clima do encontro de Lula
com os aliados. Antes da reunião, demonstrou sua contrariedade em conversa com auxiliares de Lula e chegou a chorar.
E deu uma entrevista logo em
seguida, num tom de desabafo:
"Nunca falei que ficasse desconfortável, mesmo porque eu,
quando fui candidato a vice, os
quatro principais candidatos à
Presidência [Lula, Serra, Ciro e
Garotinho] me convidaram,
com muita honra, isso em 2001
e 2002. Eu, por exemplo, provavelmente não tenha feito por
merecer um novo convite. Naquele tempo eles gostavam de
mim, eu era senador. Então
agora eu não recebi convite de
nenhum candidato", afirmou.
"Não existe candidatura a vice. O vice é objeto de um convite e de uma aceitação", disse.
Questionado se foi convidado,
Alencar respondeu: "Não". A
seguir, começou responder de
bate-pronto às perguntas. Espera ser convidado: "Não".
Quer ser convidado: "Não". Se
for convidado, aceita: "Isso é
conjectura. Eu não posso raciocinar por hipótese".
Em seu desabafo, Alencar
ainda misturou religião com
seu futuro político. "Eu sei rezar uma oração que está no sermão da montanha, que é o "Pai-Nosso". E tem um trecho que
diz assim: "Seja feita a vossa
vontade, assim na terra como
no céu". Isso significa que, em
qualquer circunstância, seja
feita a vontade de Deus. E provavelmente Deus esteja me
protegendo."
Tempo de TV
Lula pressionou a cúpula do
PSB, em reunião ontem, a formalizar a aliança com o PT a
fim de aumentar o seu tempo
de TV no horário eleitoral gratuito. Com os socialistas, teria
cerca de oito minutos na TV.
Agora, precisará confirmar a
aliança com o PC do B e o PRB
de Alencar para alcançar aproximadamente seis minutos.
Como combinado na semana
passada, o presidente se reuniu
ontem com o presidente do
partido, deputado Eduardo
Campos (PE), e com os ex-ministros Ciro Gomes e Roberto
Amaral, além do presidente do
PT, Ricardo Berzoini, e do ministro Tarso Genro (Relações
Institucionais). Depois, todos
assistiram juntos ao jogo do
Brasil contra o Japão no Palácio da Alvorada.
Na reunião no Planalto, o
presidente ouviu dos dirigentes
do PSB e do PT que as dificuldades nos Estados não haviam
sido solucionadas e que o partido correria o risco de não cumprir a cláusula de barreira (votação mínima exigida para que
os partidos mantenham a representação formal na Câmara
em 2007, acesso ao fundo partidário e maior tempo de TV).
"Aliança informal"
"O caminho hoje seria a
aliança informal", afirmou ontem Eduardo Campos.
O presidente da sigla completou: "O PSB não tem neste
momento como finalizar sua
decisão". Campos disse que a
busca pela vaga de vice e por
uma aliança formal com o PT
poderia rachar o partido. "Não
queremos isso", disse.
O presidente foi informado
por auxiliares que a situação de
Alencar era constrangedora e
que seria preciso decidir logo a
vaga de vice, sob risco de não
contar nem com ele.
No encontro, Lula disse a
Campos e a Ciro, ambos cotados para a vaga de vice, que considerava o primeiro "quase um
filho" e o segundo "um irmão".
No entanto, diante da impossibilidade de coligação formal e
do temor de afastar Alencar da
campanha, afirmou que o vice o
apoiou quando o mercado o via
com descrédito e insegurança.
Empresário, Alencar ajudou a
Lula em 2002 a atrair apoios do
setor produtivo.
O PSB cogita cancelar sua
convenção nacional marcada
para o dia 28. A idéia é que os
principais dirigentes da legenda compareçam à convenção
do PT amanhã em Brasília, expliquem a opção do partido pelo apoio informal e façam uma
manifestação pró-Lula. O próprio Berzoini, ontem à noite,
comunicou aos dirigentes do
partido que a decisão estava tomada.
(KENNEDY ALENCAR, MALU DELGADO, PEDRO DIAS LEITE, EDUARDO
SCOLESE E LETÍCIA SANDER)
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