São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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Para tucano, bloco deveria aprofundar zona de livre comércio para depois aperfeiçoar união aduaneira

Serra defende flexibilização do Mercosul

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Serra visita posto de programa de saúde em Guaianazes, em SP


FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, defendeu ontem a "flexibilização" do Mercosul, tornando-o mais realista e menos ambicioso.
Segundo Serra, o Mercosul deveria primeiro aprofundar a zona de livre comércio entre seus quatro integrantes -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai- para depois aperfeiçoar o caráter de união aduaneira do bloco.
"Tenho como meta prestigiar o Mercosul, agora fazendo um sistema flexível e realista. Às vezes o excesso de ambição faz com que a gente não atinja nem objetivos mais modestos", disse Serra, após reunir-se, em São Paulo, com o comissário (ministro) europeu para o Comércio, Pascal Lamy.
Em uma zona de livre comércio, o componente principal é a eliminação das barreiras tarifárias entre os países membros. A união aduaneira é um passo seguinte, em que também é fixada tarifa externa comum entre os integrantes do bloco e o resto do mundo.
Para Serra, ao tentar ser as duas coisas, o Mercosul não consegue fazer bem nem uma coisa nem outra: "O Mercosul ainda não é uma união aduaneira completa nem uma zona de livre comércio completa. Não completamos a primeira etapa ainda. O prioritário nos próximos anos é completar a integração como zona de livre comércio", declarou ele.
Serra não descarta que o Mercosul eventualmente possa funcionar bem como união aduaneira. Uma alternativa, para Serra, seria haver a flexibilização da tarifa externa comum do Mercosul, de modo a dar ao Brasil maior liberdade para realizar sozinho acordos comerciais com países de fora. "[É preciso" aprofundar a zona de livre comércio, antes de aprofundar a tarifa externa comum, que precisa ser flexibilizada para o Brasil fazer mais acordos comerciais separadamente com o resto do mundo. O Brasil, por seu tamanho, é um jogador mundial."
Serra afirmou que não se opõe à reivindicação da UE de negociar acordos comerciais com o Mercosul como bloco, não com seus países integrantes separadamente.
O candidato pediu a redução das restrições européias à importação de produtos agropecuários, que, segundo ele, estariam custando "empregos e produção" ao Brasil. Ao sair da reunião com Serra, Lamy, que também se encontrou com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), evitou fazer comparações entre os dois candidatos.
Disse apenas que tinha um "forte relacionamento pessoal" com o tucano, em razão de terem trabalhado juntos na última rodada da OMC em Doha (Qatar), em 2001.


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