São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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RENDA PETISTA

Banco comprou 70 mesas, a R$ 70 mil, mas afirma que não sabia que arrecadação iria para o partido de Lula

BB gasta em show do PT; PSDB propõe ação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A liderança da bancada de deputados federais do PSDB afirmou que apresenta hoje ao Ministério Público Federal uma representação pedindo abertura de investigação contra o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, sob o argumento de que ele se utilizou do cargo para "auferir vantagem patrimonial" ao PT.
A representação é baseada na informação, confirmada pela assessoria do banco e publicada ontem pelo "Globo", de que a instituição gastou R$ 70 mil na compra de 70 mesas do show do PT na semana passada numa churrascaria para angariar fundos para a construção de sua nova sede.
O Banco do Brasil informou que, em nenhum momento, foi informado de que a renda da festa seria destinada ao partido. Caso soubesse, não teria feito a compra, pois, segundo a assessoria, o procedimento é irregular.
"Ficando comprovados os fatos supracitados, resta claro que o senhor Cássio Casseb cometeu ato de improbidade administrativa, tendo utilizado o exercício do cargo de presidente do Banco do Brasil para auferir vantagem patrimonial ao PT", diz trecho da representação, que é assinada pelo deputado federal Alberto Goldman (SP), vice-líder da bancada tucana na Câmara.
O PT negocia a compra de um prédio de 12 andares nos Jardins, em São Paulo. O edifício abrigará os diretórios Nacional, Estadual e Municipal da sigla. A compra está avaliada em R$ 20 milhões.
A dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano realizou o show no dia 13. O evento ocorreu na churrascaria Porcão, em Brasília, e arrecadou 500 mil -cada ingresso custou R$ 250-, com um público de 2.000 pessoas. O Banco do Brasil comprou ingressos de 70 mesas, a R$ 1.000 cada uma, para quatro pessoas.
A instituição informou que desconhecia o destino da renda da festa. O BB foi procurado no início do mês pela churrascaria, que solicitou a compra dos ingressos. Diferentemente de um pedido de patrocínio, a solicitação de compra não envolve a divulgação de um produto do banco.
Segundo a assessoria do banco, neste semestre houve 880 solicitações de compra de ingressos para eventos, e 104 foram aceitas. Os convites são utilizados para marketing de relacionamento com clientes especiais ou com funcionários que atingiram metas.
Os convidados do banco para o show de Zezé Di Camargo e Luciano foram funcionários que atingiram metas de venda de produtos de 35 das 80 agências em Brasília e no entorno da cidade.
A solicitação, ainda segundo a assessoria, foi analisada pela diretoria de Marketing de Relacionamento e aprovada, pois estava dentro da estratégia de gratificação e da qualidade do produto oferecido para o benefício.
No jantar que acompanhou o show, foi servido uísque Red Label, o vinho uruguaio Cisplatina e o chileno Concha y Toro.
Também havia dois bufês um quente e um outro frio.
Os cantores Zezé Di Camargo e Luciano, que, além do show de Brasília, fizeram outro em São Paulo para arrecadar fundos para o PT, aguardavam a resposta de um pedido de patrocínio do banco oficial. Estima-se o valor em R$ 5 milhões.
Depois de o fato ter sido divulgado pela imprensa na última semana, o Banco do Brasil negou o pedido da dupla. O banco alegou motivos técnicos para a recusa.
A relação dos cantores com o PT não é nova. A dupla participou da campanha do partido nas eleições de 2002. No dia 12 de junho, os cantores eram convidados de um almoço que antecedeu a festa junina da agenda privativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto.


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