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RENDA PETISTA
Banco comprou 70 mesas, a R$ 70 mil, mas afirma que não sabia que arrecadação iria para o partido de Lula
BB gasta em show do PT; PSDB propõe ação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A liderança da bancada de deputados federais do PSDB afirmou que apresenta hoje ao Ministério Público Federal uma representação pedindo abertura de investigação contra o presidente do
Banco do Brasil, Cássio Casseb,
sob o argumento de que ele se utilizou do cargo para "auferir vantagem patrimonial" ao PT.
A representação é baseada na
informação, confirmada pela assessoria do banco e publicada ontem pelo "Globo", de que a instituição gastou R$ 70 mil na compra de 70 mesas do show do PT na
semana passada numa churrascaria para angariar fundos para a
construção de sua nova sede.
O Banco do Brasil informou
que, em nenhum momento, foi
informado de que a renda da festa
seria destinada ao partido. Caso
soubesse, não teria feito a compra, pois, segundo a assessoria, o
procedimento é irregular.
"Ficando comprovados os fatos
supracitados, resta claro que o senhor Cássio Casseb cometeu ato
de improbidade administrativa,
tendo utilizado o exercício do cargo de presidente do Banco do
Brasil para auferir vantagem patrimonial ao PT", diz trecho da representação, que é assinada pelo
deputado federal Alberto Goldman (SP), vice-líder da bancada
tucana na Câmara.
O PT negocia a compra de um
prédio de 12 andares nos Jardins,
em São Paulo. O edifício abrigará
os diretórios Nacional, Estadual e
Municipal da sigla. A compra está
avaliada em R$ 20 milhões.
A dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano realizou o show
no dia 13. O evento ocorreu na
churrascaria Porcão, em Brasília,
e arrecadou 500 mil -cada ingresso custou R$ 250-, com um
público de 2.000 pessoas. O Banco
do Brasil comprou ingressos de
70 mesas, a R$ 1.000 cada uma,
para quatro pessoas.
A instituição informou que desconhecia o destino da renda da
festa. O BB foi procurado no início do mês pela churrascaria, que
solicitou a compra dos ingressos.
Diferentemente de um pedido de
patrocínio, a solicitação de compra não envolve a divulgação de
um produto do banco.
Segundo a assessoria do banco,
neste semestre houve 880 solicitações de compra de ingressos para
eventos, e 104 foram aceitas. Os
convites são utilizados para marketing de relacionamento com
clientes especiais ou com funcionários que atingiram metas.
Os convidados do banco para o
show de Zezé Di Camargo e Luciano foram funcionários que
atingiram metas de venda de produtos de 35 das 80 agências em
Brasília e no entorno da cidade.
A solicitação, ainda segundo a
assessoria, foi analisada pela diretoria de Marketing de Relacionamento e aprovada, pois estava
dentro da estratégia de gratificação e da qualidade do produto
oferecido para o benefício.
No jantar que acompanhou o
show, foi servido uísque Red Label, o vinho uruguaio Cisplatina e
o chileno Concha y Toro.
Também havia dois bufês um
quente e um outro frio.
Os cantores Zezé Di Camargo e
Luciano, que, além do show de
Brasília, fizeram outro em São
Paulo para arrecadar fundos para
o PT, aguardavam a resposta de
um pedido de patrocínio do banco oficial. Estima-se o valor em R$
5 milhões.
Depois de o fato ter sido divulgado pela imprensa na última semana, o Banco do Brasil negou o
pedido da dupla. O banco alegou
motivos técnicos para a recusa.
A relação dos cantores com o
PT não é nova. A dupla participou
da campanha do partido nas eleições de 2002. No dia 12 de junho,
os cantores eram convidados de
um almoço que antecedeu a festa
junina da agenda privativa do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto.
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