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Ex-ministro admite reunião com Vedoin, mas nega fraude
Segundo revista, empresário negociou com sucesso liberação de verba na gestão de Humberto Costa (PT) na Saúde, em 2003
Petista diz que só esclareceu trâmites legais a dono da Planam e que nem teria como interferir pois questão era regulada por decreto
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato do PT ao governo de Pernambuco, Humberto
Costa, negou em nota divulgada ontem que tenha interferido
para "beneficiar qualquer pessoa" enquanto era ministro da
Saúde, mas confirmou que recebeu o empresário Luiz Antonio Vedoin em seu gabinete.
Em Recife, onde participou
de comício com Luiz Inácio Lula da Silva, Costa afirmou que é
inocente e que vai processar
quem quer que o acuse de envolvimento no caso.
"Estou indignado com esse
tipo de atitude. São insinuações
maldosas, sem provas, e, acima
de tudo, dando ares de verdade
à palavra de um réu confesso,
participante de um esquema de
corrupção", disse ele.
"Processarei quem quer que
me acuse de qualquer coisa em
relação a essa operação sanguessuga", disse o petista.
Segundo reportagem das revistas "Veja" e "Época", Vedoin
negociou com sucesso uma liberação de verba para pagamento de dívida do ministério
por intermédio do petista José
Airton Cirilo, candidato a deputado federal pelo Ceará.
De acordo com a "Veja", Luiz
Antonio e seu pai, Darci Vedoin, procuraram o então ministro Humberto Costa, em
2003, para que o governo pagasse uma dívida no valor de
R$ 8 milhões à Planam, principal empresa da quadrilha.
Por meio de um amigo comum, os dois teriam conseguido uma audiência com Costa
no gabinete do ministério, informação confirmada pelo ex-ministro em nota. "Humberto
Costa confirma que o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin esteve em seu [gabinete],
em fevereiro de 2003, acompanhado de Benedito Domingos,
ex-deputado pelo Distrito Federal. Na ocasião, Vedoin foi
apresentado como um amigo."
O ministro teria dito que não
poderia liberar o dinheiro, mas
teria apresentado aos empresários seu chefe de gabinete, Antonio Alves de Souza, hoje secretário de Gestão Estratégica
do Ministério da Saúde.
De acordo com a revista, Luiz
Antonio teria dito no depoimento que Costa afirmara que
seu chefe de gabinete poderia
estudar a liberação do pagamento. O ex-ministro nega.
Segundo o texto, "Vedoin solicitou que fossem liberados recursos do RAP (restos a pagar)
de 2002, referentes a licitações
que envolviam a sua empresa".
Ainda de acordo com a nota,
"por se tratar de um decreto da
Presidência, com regras muito
claras, nem sequer caberia
qualquer possibilidade de interferência do ministério para
beneficiar quem quer que seja".
Sobre Cirilo, a nota diz que ele
"jamais esteve autorizado em
negociar em seu nome ou do
ministério".
Lista
A "Veja" divulgou ontem relação de 112 congressistas e ex-parlamentares que teriam sido
acusados por Luiz Antônio Vedoin, apontado pela PF como
chefe da máfia das ambulâncias, de participar do esquema
de venda de veículos superfaturados a prefeituras. Segundo a
revista, o empresário disse ter
subornado 60 prefeitos para
que licitações para a compra de
equipamentos médicos fossem
vencidas por suas empresas.
"Na terça, vamos concluir a
análise do material de que dispomos. Aí sim poderemos identificar os que serão acusados",
disse o presidente da CPI dos
Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Colaboraram a Agência Folha, em Recife e o enviado especial a Recife
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