São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Carimbo

Enquanto o Planalto tenta desvincular o acidente de Congonhas da crise nos aeroportos, deputados de oposição da CPI do Apagão Aéreo da Câmara desencadearam uma operação para apontar o que chamam de "responsabilidade objetiva da União" no episódio.
Tucanos entregaram na sexta-feira documento ao relator Marco Maia (PT-RS) no qual afirmam que, como poder concedente, cabe à administração federal responder por problemas de gestão nas empresas aéreas. Segundo a oposição, não se trata de empurrar a culpa da tragédia à Anac ou ao governo federal mesmo que a investigação aponte falhas mecânicas no Airbus da TAM, mas de cobrar da agência sua atribuição de fiscalizar as condições de operação das companhias.

Me dá aqui. Um dos principais focos de pressão das companhias aéreas sobre a Anac e a Infraero são os espaços em aeroportos de empresas que deixaram de operar, como Transbrasil e Vasp.

Concorrência. Integrante da CPI da Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP) defende que o relatório exija abertura de licitação para que novas linhas aéreas sejam exploradas por meio de concessão. Hoje, a Anac dá só autorização de operação às companhias.

Maquiagem. Enquanto o colapso de infra-estrutura fica evidente, a Infraero se preocupa em construir uma espécie de "cemitério" para aeronaves da Vasp e da Transbrasil no aeroporto de Brasília. Será usada uma área escondida, para tirar os esqueletos que, hoje, ficam expostos.

Cofre. A Infraero se prepara para retomar o controle do estacionamento do aeroporto de Brasília, em agosto. A pedido da estatal, a PF investigou a empresa que tem a concessão da área e verificou indícios de fraude nas receitas.

Segue a vida. Flagrado fazendo gestos obscenos diante da suposta culpa da TAM pelo acidente em Congonhas, Marco Aurélio Garcia participa na próxima segunda, em São Paulo, de curso sobre política externa organizado pelo PT. Na ocasião, a sigla pretende fazer um desagravo ao assessor presidencial.

Simbólico. O PSDB vai sugerir aos aliados de oposição que a liderança da Minoria na Câmara, posto que era ocupado por Júlio Redecker, fique vaga até fevereiro do ano que vem, quando seria feita a sucessão do deputado gaúcho, morto no acidente em Congonhas. Nesse período, os vice-líderes cumpririam tal papel.

Cabelo em pé. O Datafolha que mostrou melhora significativa na avaliação de Gilberto Kassab (DEM) deixou alckmistas em alerta. Seu plano para as eleições de 2008 prevê que o prefeito de São Paulo desista da reeleição. Se continuar em alta, será mais difícil convencê-lo da idéia.

Remake. Antes do Datafolha, aliados de Geraldo Alckmin já defendiam que, uma vez na prefeitura, o tucano poderia -por que não?- repetir José Serra e deixar o cargo para concorrer ao governo.

Laboratório. Sem um nome forte para a disputa da Prefeitura de Salvador no ano que vem, a cúpula do DEM tenta convencer José Carlos Aleluia a se candidatar sob o argumento de que, mesmo sem chances de vencer, a campanha daria ao deputado mais projeção na capital.

Como queiram. O grupo que ainda tenta salvar a reforma política cedeu à reivindicação de PR, PP e PTB, partidos do mensalão. Para garantir o financiamento público a cargos majoritários, pretende aumentar o teto de gastos privados em disputas por vagas de deputados e vereadores.

Faísca. O PT terá na semana que vem encontro com movimentos sociais a fim de colher sugestões para seu congresso, no fim de agosto. Nos últimos dias, MST e UNE subiram o tom contra o governo Lula.

Tiroteio

Denise Abreu criou novo jeito de "captura' do ente regulador: pela soberba. Tudo fez e nada deve, bem ao estilo Lula de governar.


Do deputado ARNALDO JARDIM (PPS-SP) sobre o tom das respostas da diretora da Anac Denise Abreu em entrevista ontem à Folha, na qual disse que "o acidente é o acidente, o sistema aéreo é o sistema aéreo".

Contraponto

Nem morto

Ex-presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC) caminhava pelos corredores da Casa quando se deparou com uma multidão de jornalistas à porta do gabinete de seu sucessor no espinhoso posto, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Todos esperavam o fim de uma reunião entre os relatores do processo de Renan Calheiros (PMDB-AL). O petista ia se aproximando com ar descontraído, até que um repórter perguntou:
-Já sente saudades do conselho, senador?
-De jeito nenhum!-, cortou Sibá, que fechou a cara, deu meia volta, levantou a mão em sinal de despedida e saiu apressado rumo ao lado oposto da aglomeração.


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