São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Inquérito será mais técnico com novo delegado, diz Tarso

Ministro afirma que Ricardo Saadi deixará trabalho da operação "menos midiático"

Petista diz que inquérito de Protógenes Queiroz é "robusto", mas avalia que houve erros e "flagrantes diferenças de metodologia"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de classificar o inquérito do delegado Protógenes Queiroz como "robusto", o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu ontem que houve "erros" e "flagrantes diferenças de metodologia" e disse que o trabalho ficará melhor a partir de agora, com o delegado Ricardo Saadi assumindo o comando da Operação Satiagraha.
"O inquérito é robusto, tanto que já houve indiciamentos e até denúncia, mas ocorreram erros e sua condução terá mais qualidade e será menos midiática", disse Tarso. Foram indiciadas até agora dez pessoas, inclusive Daniel Dantas, do Opportunity. "Esse assunto, para nós, foi resolvido. Vocês vão ver que o inquérito vai ser mais técnico, mais profundo."
Para Tarso, Saadi é "de altíssimo nível": "Quem está achando que a saída do Protógenes vai tornar a operação mais superficial está equivocado".
Segundo o petista, um dos erros de Protógenes foi a fundamentação do pedido de prisão temporária. "Quem leu sabe que há muitas dúvidas", disse.
Tarso ameaçou processar quem vazar a íntegra da fita de mais de três horas da reunião da PF em que foi decidida a saída de Protógenes do caso Dantas. "Essa fita contém informações sigilosas e quem tentar vazá-las será responsabilizado. Seria um vazamento ilegal que exigiria providências legais."
O governo divulgou menos de quatro minutos da gravação, com o objetivo de negar que o delegado tenha sido afastado. Tarso mantém a versão de que ele saiu voluntariamente.
Também rechaçou a versão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aborrecido com ele, por ter sido induzido a divulgar apenas uma parte da fita e ficar sob a suspeição de ter "adulterado" o seu sentido real, como disse o delegado.
Numa tentativa de pôr fim à repercussão negativa devido ao envolvimento na Satiagraha, o governo tenta parecer afastado da polêmica. Ontem, após reunião de coordenação política, tradicionalmente convocada para que Lula debata com os principais ministros temas do momento, participantes negaram que a operação tenha sido alvo de comentários.
O silêncio é parte da estratégia do Planalto para conter os danos. Para auxiliares do presidente, os erros começaram na segunda passada, quando o Planalto deu publicidade a comentário de Lula feito em reunião sobre excessos da PF. Logo após, Protógenes foi afastado. Dois dias depois, Lula criticou o delegado e exigiu sua volta.
Eventual fonte de problemas poderá vir do vazamento da conversa entre Protógenes e seus superiores. Há um temor de que ela possa desmentir a versão da PF. Assessores, desde já, tentam livrar Lula. Dizem que ele não ouviu a fita nem leu a íntegra -teria sido instruído por Tarso. (ELIANE CANTANHÊDE, LUCAS FERRAZ e LETÍCIA SANDER)


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