São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Polícia revela que Dantas já dirigiu um fundo do Opportunity em paraíso fiscal

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um documento incluído pela Polícia Federal no inquérito da Operação Satiagraha mostra que Daniel Dantas já foi diretor do fundo de investimentos do Opportunity no paraíso fiscal das ilhas Cayman. O Opportunity Fund, exclusivo para estrangeiros, e, por isso, isento de Imposto de Renda, é suspeito de abrigar ilegalmente aplicações de brasileiros.
O nome de Dantas consta do "Private Placement Memorandum", uma espécie de regulamento do fundo distribuído aos investidores associados, registrado em Cayman. Segundo a PF, é uma rara digital do banqueiro nos negócios sob suspeita do grupo Opportunity.
Segundo os registros societários da empresa na Junta Comercial do Rio, Dantas nunca foi dono do Opportunity, é apenas cliente da instituição financeira. Para a PF, não há dúvidas de que Dantas é o dono de fato do banco, e não consta dos registros oficiais para não deixar suas digitais nos negócios escusos do Opportunity.
O documento incluído pela PF no inquérito revela que Dantas também já integrou a diretoria da Opportunity Asset Management Ltda., empresa indicada pelo fundo como a responsável por sua gestão. No Brasil, onde a Opportunity Asset Management é registrada, Dantas não figura hoje como um de seus diretores.
Procurada pela Folha, a assessoria do Opportunity afirmou apenas que Dantas não é administrador do fundo nem da empresa que o gerencia. A assessoria não respondeu se ele já ocupou a função, como mostram os documentos.
Em 2004, a Polícia Federal apreendeu na sede do banco Opportunity, no Rio, um HD (disco rígido) contendo uma lista de supostos investidores brasileiros do Opportunity Fund. As aplicações ilegais nunca foram comprovadas.
Naquele ano, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável por fiscalizar o mercado de capitais, multou em R$ 480 mil empresas do grupo Opportunity e os executivos Dório Ferman e Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, por oferecerem no Brasil cotas do fundo estrangeiro.
Dório e Verônica também já foram diretores do Opportunity Fund, ao lado de Dantas, assim como Pérsio Arida, ex-presidente do BNDES e do Banco Central.
As multas aplicadas pela CVM foram baseadas, entre outras evidências, na confissão de um dos cotistas: o empresário Luiz Roberto Demarco, ex-sócio de Dantas. Ele diz ter aplicado US$ 750 mil em 1997. Cópias dos comprovantes dessas operações foram anexadas no inquérito da Satiagraha.
O grupo reverteu a condenação em segunda instância.


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