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Lula pede cautela com biografia de acusado
Na posse de Roberto Gurgel, novo procurador-geral, presidente criticou a imprensa por julgar pessoas sem processo finalizado
Sem citar o nome de José Sarney, alvo de denúncias no Senado, petista disse que nunca colocará "um alfinete" para impedir investigações
Joedson Alves/Folha Imagem
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Presidente discursa na cerimônia de posse do novo procurador-geral da República, Roberto Gurgel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao novo
procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, que os procuradores, ao realizarem uma investigação, também pensem
"na biografia dos investigados".
Em discurso, Lula criticou a
imprensa por julgar as pessoas
antes do processo finalizado.
"Uma instituição que tem o
poder que tem o Ministério Público brasileiro, garantido pela
Constituição, tem o direito e a
obrigação de agir com a máxima seriedade, não pensando
apenas na biografia de quem
está fazendo a investigação,
mas pensando, da mesma forma, na biografia de quem está
sendo investigado", disse.
Segundo o presidente, "dependendo da carga de manchetes da imprensa, a pessoa já está condenada".
Lula disse que jamais fará pedidos pessoais ou impedirá investigações e que a instituição
precisa atuar de forma responsável, sob pena de sofrer "castramento" de sua liberdade por
alguém que se sinta atingido.
O presidente afirmou, ainda,
que a corrupção tem aparecido
mais no seu governo porque
passou a ser mais combatida.
"Você pode engavetar processo, aceitar pressão do Poder Legislativo, do Poder Executivo,
da imprensa que às vezes quer
condenar antes do processo ser
feito corretamente", afirmou.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, discordou de Lula. Segundo ele, a imprensa nunca
atua de forma isolada, mas com
respaldo de autoridades.: "É
um delegado que precipita uma
conclusão, é um promotor, às
vezes é um juiz".
Em seu discurso de posse,
Roberto Gurgel defendeu o poder de investigação da Procuradoria e afirmou que o Conselho
Nacional do Ministério Público, órgão responsável por punir
atos irregulares de procuradores, tem "severas deficiências
orçamentárias e estruturais".
Caberá ao STF, em julgamento ainda sem data, decidir
se o Ministério Público pode
investigar ou se esta é uma
prerrogativa apenas da polícia.
"A confirmação da capacidade investigatória do Ministério
Público, sem a pretensão de
substituir a polícia, a quem ordinariamente competirá a investigação, eleva-se a condição
essencial, imprescindível mesmo, para o cumprimento pleno
dos deveres constitucionais da
instituição", disse Gurgel.
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