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VIA SUSPEITA
Construtora que atrasou as obras do Rodoanel é beneficiada
Alckmin premia empresa punida por Covas em 1995
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo premiou, com o aditivo irregular na
obra do Rodoanel, a Ivaí Engenharia -empreiteira que havia
sido até proibida, por ordem da
gestão Mário Covas, de participar
de licitações públicas no Estado.
O motivo da proibição, ocorrida
em 1995, foi o mesmo que levou
ao prêmio atual: a construtora
não conseguiu terminar obras da
duplicação da rodovia Fernão
Dias, que liga São Paulo a Minas
Gerais, dentro do prazo e pelo
custo proposto na licitação.
O episódio se repete agora no
caso do Rodoanel (via expressa de
170 km que circundará São Paulo), mas em vez do castigo, a benesse: a Ivaí terá direito a um aditivo de 69,92% a um contrato de
R$ 338,87 milhões firmado em
1998 (o aditivo também vai beneficiar a Queiroz Galvão). A Lei de
Licitações não permite que um
reajuste nos custos de uma obra
ultrapasse 25%. Historicamente,
os aditivos (recursos que deveriam ser usados só em casos extremos) sempre funcionaram como forma de encarecer contratos.
O governo de Geraldo Alckmin
(PSDB), que aposta na obra como
cartão postal de seu mandato, teria amparo legal para afastar a Ivaí
e proibir que ela prestasse novos
serviços para o Estado. A mesma
lei que proíbe aditivos superiores
a 25% também prevê o impedimento de firmas que não cumprem à risca o cronograma.
Na pressa em fazer da obra a
mais vultosa inauguração da
campanha às eleições do próximo
ano, o governo, por meio do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário
S/A), decidiu correr qualquer risco jurídico e favoreceu as empreiteiras com o aditivo irregular
-chamado de "excepcional", na
justificativa do secretário estadual
dos Transportes, Michael Zeitlin.
Caso decidisse cumprir a Lei de
Licitações, o Dersa só tinha uma
saída: cancelar o contrato com as
empreiteiras e fazer nova concorrência para concluir a via expressa. Nesse ritmo, Alckmin correria
o risco de não cortar a fita inaugural durante a campanha eleitoral.
O risco não foi afastado com o
aditivo "excepcional" bancado
pelo governo. O Ministério Público Federal, que já se manifestou
pela ilegalidade do ato, tem inquérito em andamento para apurar irregularidades no Rodoanel.
Segundo a procuradora Isabel
Groba, responsável pelo caso,
existem duas suspeitas: ou as empreiteiras subfaturaram a proposta de preço no momento da licitação, para eliminar a concorrência,
ou agora, com o aditivo, caracteriza-se um custo superfaturado.
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