São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula vai antecipar 13º para aposentados

Presidente anuncia em entrevista a rádio do Rio que beneficiários receberão a primeira parcela de 50% em setembro

TSE diz que medida é legal; petista exalta as ações da PF e afirma que costura acordo com os governadores para diminuir o preço do gás

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em programa de rádio no Rio que tem os idosos como público-alvo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que neste ano o governo irá antecipar o pagamento de 50% do 13º salário dos aposentados e pensionistas da Previdência e que costura "um pacto com os governadores para tirar o ICMS do gás [de botijão], que poderia ficar muito mais barato".
É a primeira vez nos 83 anos de história da Previdência no país que os beneficiários receberão antes do final do ano. A primeira parcela do abono será paga em setembro a 18,6 milhões de aposentados e pensionistas em razão de acordo fechado em abril por governo, centrais sindicais e representantes de inativos. Para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a antecipação do benefício não fere a regra legal que impede reajustes ao funcionalismo três meses antes das eleições.
Por causa de uma manobra da oposição, o governo foi obrigado neste mês a vetar uma MP alterada pelo Congresso, que passou a prever reajuste de 16% a aposentados que recebem mais que o salário mínimo. Para assegurar reajuste de 5%, o governo editou uma nova MP. Lula disse não ter titubeado: "Eu não tive dúvida nenhuma.
Quando percebi que aquilo era um jogo político na perspectiva de me desgastar e, como tenho responsabilidade e consciência que o Brasil tem de agir com seriedade, vetei. Os aposentados poderiam ter perdido tudo".
O presidente afirmou ter tomado decisão idêntica no caso do recolhimento de FGTS para empregados domésticos, também vetando a medida modificada pela oposição. "Não podemos tratar uma estrutura familiar como se fosse uma empresa multinacional, uma IBM, uma Volkswagem, uma Mercedes."
Na entrevista, Lula disse que os programas de transferência de renda não são a solução definitiva, mas que não pode "deixar as pessoas morrendo de fome". O presidente também afirmou que não vai ficar "pedra sobre pedra" no combate à corrupção durante seu governo e exaltou a Polícia Federal: "Eu sonho que estamos caminhando para, quem sabe, consagrarmos no Brasil o que aconteceu na Itália há pouco tempo com a operação "Mãos Limpas'".
Lula atribuiu a culpa dos casos de corrupção aos governos anteriores: citou que das 188 quadrilhas "estouradas" pela PF desde 2003, 158 já estavam em operação há muitos anos.
Já em Varginha (MG), Lula rebateu declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse ver condições legais para seu impeachment: "Eu não posso levar a sério o que o ex-presidente está falando porque me parece que ele está um pouco fora do cenário político neste momento".


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Varginha

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