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ELEIÇÕES 2006 / CANDIDATOS NA FOLHA
Crivella cita Cristo para dizer que Lula foi "traído"
Senador diz que ignorava envolvimento de ex-bispo da Universal em escândalos
Candidato ao governo do Rio defende que as votações no Senado ocorram pela internet e sustenta que o Rio de Janeiro "é Estado falido"
Ricardo Moraes/Folha Imagem
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Marcelo Crivella, do PRB, sigla do vice-presidente da República, em sabatina promovida pela Folha |
ELVIRA LOBATO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
"Você culparia Cristo pela
traição de Judas?" Assim o senador Marcelo Bezerra Crivel-
la, 48, candidato a governador
do Estado do Rio pelo PRB
(Partido Republicano Brasileiro), apoiado por Luiz Inácio
Lula da Silva, usou Jesus Cristo
para enfatizar sua convicção de
que o presidente ignorava a
existência do mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar em investigação.
"Não se pode culpar e responsabilizar o pai por um filho
(...) O presidente teria pecado
se não tivesse permitido que as
investigações chegassem ao
ponto em que chegaram. O eleitor tem feito a distinção entre o
presidente Lula e o grupo que
ficou a seu lado e se aproveitou
do poder em interesse próprio", disse Crivella.
O mensalão foi denunciado
pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). Resultou na demissão do ministro
José Dirceu (Casa Civil) e na
dissolução da cúpula do PT.
A defesa de Lula foi feita no
segundo dia da sabatina da Folha com candidatos ao governo
fluminense. Anteontem, foi sabatinado o candidato do
PMDB, Sérgio Cabral Filho.
Hoje será a vez de Denise Frossard, do PPS, a partir das 15h,
no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, zona sul do Rio.
O senador disse que também
ignorava o envolvimento do ex-bispo da Igreja Universal e ex-deputado Carlos Rodrigues
com o mensalão e, como descoberto mais recentemente, com
a máfia dos sanguessugas.
O senador foi sabatinado pelas colunistas da Folha Danuza
Leão e Eliane Cantanhêde, pela
diretora da Sucursal do Rio,
Paula Cesarino Costa, e pelo
coordenador da sucursal, Plínio Fraga.
Juros
Ao ser questionado se não
era incoerente elogiar Lula, depois de ter discordado publicamente, em 2004, da política
econômica e dos juros altos,
Crivella negou que tenha rompido com ele. Disse que, como o
vice-presidente José Alencar,
também do PRB, criticou os juros por entender que impediam o crescimento da economia, e que Lula lhes dá razão,
tanto que os juros diminuíram.
"Como fazer política pública
no Rio com 10% de desemprego
aberto, com 10% de desalentados que não procuram mais
emprego e com 20% da população subempregados? Isso é um
horror." Declarou que o Rio é
um "Estado falido".
Ausência
Ele defendeu que o Senado
passe a adotar o voto pela internet, principalmente de questões consideradas pouco relevantes, como as que tratam da
indicação de embaixadores.
Embora tenha faltado a 86%
das votações no Senado neste
ano, Crivella disse não se considerar um político ausente. "A
atividade no Senado está nos
gabinetes, nas comissões e no
plenário. Não tive falta física.
Estive sempre no plenário."
O senador disse ter apresentado um projeto de lei para que
o Senado permita que os integrantes participem de votações
mesmo quando estivessem viajando. Votariam pela internet.
Segurança
O candidato pregou a criação
de batalhões da Polícia Militar
para vigilância de portos, aeroportos, rodovias, estradas vicinais e divisas com os Estados,
para impedir a entrada de drogas e armas. ""Temos que mandar uma mensagem para a bandidagem de que o poder público
está articulado, unido e que vai
enfrentar o problema de maneira cartesiana. Isso passa
também por despolitizar as polícias", afirmou.
Violência
"A causa básica da violência
no Rio é a falta de perspectiva
de vida de grande parte da população. Jovens que não trabalham nem estudam e vivem sob
permanente tentação das drogas, que são baratas. Um pacote
de cocaína custa de R$ 3 a R$ 4.
Temos de agir nas linhas de suprimento da droga. O Rio virou
pátio de logística da droga."
Zona franca social
O candidato propôs criar zonas livres de impostos em áreas
carentes do Estado para estimular o uso de mão-de-obra feminina. Ele batizou a proposta
de "zona franca social".
Ideologia
Crivella se definiu como "democrata social". Riu com o comentário de que seria um "tucano invertido". "Sou um sujeito que acredita no valor da iniciativa privada, mas o mercado
precisa ser regulado."
Sérgio Cabral Filho
Crivella ironizou ao falar sobre seu adversário na eleição.
Na sabatina a que foi submetido, o candidato do PMDB definiu-se sendo de uma "neutralidade radical". "Um líder político tem que ter opinião e assumir suas posições", criticou.
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