São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Governo anuncia Memorial da Anistia em 2010

DA SUCURSAL DO RIO

Diante de uma plateia formada por ex-presos políticos para comemorar os 30 anos da Lei da Anistia, o ministro Tarso Genro (Justiça) defendeu que os militares que participaram de tortura sejam julgados e anunciou a criação de um Memorial da Anistia em 2010.
Ele refutou os argumentos usados para poupar os militares de que a anistia teria sido irrestrita; que teria havido um pacto político na aprovação da lei; que seria revanchismo e desprestígio para as Forças Armadas; e, ainda, que reabriria feridas do período de ditadura.
Tarso defendeu, como alternativa à via judicial, a criação de comissões de verdade e reconciliação, em que os acusados reconheceriam publicamente a violência que cometeram.
O Memorial da Anistia Política será inaugurado em janeiro de 2010, em Belo Horizonte. O objetivo é contar a história do ponto de vista de perseguidos políticos. Terá documentos de processos de anistia, que contradizem arquivos da repressão, imagens e depoimentos.
Os 30 anos da lei foram comemorados com uma homenagem, na sede do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, aos ex-presos políticos que, em 1979, fizeram greve de fome pela aprovação da lei. A greve começou pelo presídio Frei Caneca, no Rio -o protesto foi mantido por 32 dias, até 22 de agosto de 1979, quando a lei foi aprovada.
Cerca de 200 pessoas -ex-presos políticos e familiares de ex-presos- foram convidadas. O governo apresentou um pedido público de desculpas aos ex-presos políticos vítimas de tortura. ""A anistia e o pedido de desculpa nos honram, mas não bastam", disse o ex-preso político Gilvan Viana. Aplaudido pelos demais, ele pediu a abertura dos arquivos militares e a remoção de todos os restos mortais de guerrilheiros. Tarso foi elogiado e se emocionou.
Um grupo de ex-funcionários do Arsenal da Marinha, demitidos em 1985 em razão de greve, exibiram faixas em protesto contra o indeferimento dos processos para a anistia dos afastados. (ELVIRA LOBATO)


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