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Governo anuncia Memorial da Anistia em 2010
DA SUCURSAL DO RIO
Diante de uma plateia formada por ex-presos políticos para
comemorar os 30 anos da Lei
da Anistia, o ministro Tarso
Genro (Justiça) defendeu que
os militares que participaram
de tortura sejam julgados e
anunciou a criação de um Memorial da Anistia em 2010.
Ele refutou os argumentos
usados para poupar os militares de que a anistia teria sido irrestrita; que teria havido um
pacto político na aprovação da
lei; que seria revanchismo e
desprestígio para as Forças Armadas; e, ainda, que reabriria
feridas do período de ditadura.
Tarso defendeu, como alternativa à via judicial, a criação de
comissões de verdade e reconciliação, em que os acusados reconheceriam publicamente a
violência que cometeram.
O Memorial da Anistia Política será inaugurado em janeiro
de 2010, em Belo Horizonte. O
objetivo é contar a história do
ponto de vista de perseguidos
políticos. Terá documentos de
processos de anistia, que contradizem arquivos da repressão, imagens e depoimentos.
Os 30 anos da lei foram comemorados com uma homenagem, na sede do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, aos ex-presos políticos que, em 1979,
fizeram greve de fome pela
aprovação da lei. A greve começou pelo presídio Frei Caneca,
no Rio -o protesto foi mantido
por 32 dias, até 22 de agosto de
1979, quando a lei foi aprovada.
Cerca de 200 pessoas -ex-presos políticos e familiares de
ex-presos- foram convidadas.
O governo apresentou um pedido público de desculpas aos
ex-presos políticos vítimas de
tortura. ""A anistia e o pedido de
desculpa nos honram, mas não
bastam", disse o ex-preso político Gilvan Viana. Aplaudido
pelos demais, ele pediu a abertura dos arquivos militares e a
remoção de todos os restos
mortais de guerrilheiros. Tarso
foi elogiado e se emocionou.
Um grupo de ex-funcionários do Arsenal da Marinha, demitidos em 1985 em razão de
greve, exibiram faixas em protesto contra o indeferimento
dos processos para a anistia dos
afastados.
(ELVIRA LOBATO)
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