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30 anos da Anistia
Lula diz que anistia não foi um "ato de benevolência"
Presidente diz que lei "pavimentou o caminho para a redemocratização"
MÁRCIO FALCÃO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Nos 30 anos da edição da primeira Lei da Anistia (Lei 6.683/
79) do regime militar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou à Folha Online que "a
anistia não foi um ato de benevolência ou grandeza do regime
militar", mas um "verdadeiro
clamor nacional".
Líder sindicalista perseguido
pela ditadura militar, o presidente Lula sustentou que a lei
foi importante para "pavimentar o caminho da redemocratização" do país.
"A anistia não foi um ato de
benevolência ou grandeza do
regime militar, só foi possível
pela mobilização crescente da
sociedade brasileira", afirmou.
O presidente lembrou que a
lei era defendida por estudantes, familiares de perseguidos,
jornalistas e pelo movimento
sindical, que faziam greves.
"Quer dizer, havia um verdadeiro clamor nacional. Com a
anistia, pudemos reincorporar
centenas de brasileiros à vida
política e pavimentar o caminho da redemocratização, num
processo que culminou com
uma Constituição que tem garantido avanços extraordinários ao Brasil".
Lula recebeu anistia em
1994. Assim como diversos integrantes de seu governo, o presidente chegou a ser preso pelo
regime militar.
Destituído pelos militares da
presidência do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo
do Campo e Diadema, em 1980,
Lula estava entre os mais de
100 mil trabalhadores que aderiram ao que foi considerado
pela imprensa na época a maior
paralisação operária do sindicalismo brasileiro.
Lula e outros sete sindicalistas -entre eles o ex-presidenciável do PSTU José Maria de
Almeida- foram presos pelo
Dops (Departamento de Ordem Política e Social) como
forma de pressionar a volta ao
trabalho. Lula foi solto após um
mês. Em 1981, foi condenado
pela Justiça Militar a três anos
e seis meses de detenção por incitação à desordem coletiva,
mas a sentença foi anulada no
ano seguinte.
Em 2007, o presidente lançou o livro-relatório "Direito à
Memória e à Verdade", com o
resultado de estudos sobre a repressão a adversários políticos
do regime entre 1961 e 1988.
O livro conta 479 casos de
mortos e desaparecidos na ditadura. É o primeiro relato oficial do governo confirmando
que órgãos de repressão torturaram e executaram opositores. Um trecho acusa a ditadura
de atos cruéis contra opositores que não podiam mais reagir.
Lula, no entanto, tem recebido críticas por ter pedido aos
seus ministros que deixem nas
mãos do Judiciário os debates
sobre uma nova interpretação
ou a revisão da Lei da Anistia.
Folha Online
Leia especial sobre os 30
anos da anistia em
www.folha.com.br/092337
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