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DOMINGUEIRA
O circo chegou
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
Armada a lona, o circo eleitoral começa seu costumeiro espetáculo. Palhaços, freaks, cobras e
lagartos surgem na TV atestando
implacavelmente o subdesenvolvimento político do país. É observar aquele patético rol de candidatos para ter certeza de que estamos e continuaremos em péssimas mãos.
Entre todos, ressalta o insuperável Paulo Maluf, cuja campanha baseia-se descaradamente
no velho lema "rouba, mas faz",
apresentado sob a forma do roto
eufemismo "não é santo, mas
faz".
É o que os eleitores devem realmente pensar, já que a campanha
é uma gigantesca farsa montada
segundo os preceitos do "marketing político".
As agências encarregadas da
mistificação reúnem grupos de
pessoas, representativos dos diversos setores sociais, e os submete a uma maratona de perguntas
e testes -procedimento, como se
sabe, chamado de "pesquisa qualitativa", "quali" para os íntimos.
A partir do diagnóstico das
"qualis", monta-se a opereta enganosa que deverá atingir o eleitor idiotizado, que não se dá conta do processo de que está sendo
vítima.
O discurso de Paulo Maluf justificando suas relações com o
lambão Celso Pitta é uma dessas
peças que deveriam ser arquivadas no museu dos horrores da
política videota. Nem Clinton
conseguiu ser tão calhorda ao admitir a relação "imprópria" com
a estagiária da Casa Branca -a
essa altura casa "luce rossa", como diriam os italianos.
No bordel do horário eleitoral
gratuito nada escapa da lógica
publicitária, que cada vez mais
permeia a sociedade, atingindo a
própria administração da individualidade, a existência guiada
pela técnica de promoção de
hambúrgueres.
No meio de tanta barbaridade,
tivemos, de quebra, o retorno do
morto-vivo Fernando Collor de
Mello, o homem que foi uma espécie de banda de música da reforma neoliberal (com gatos na
tuba) levada adiante, posteriormente, por Fernando Henrique
Cardoso.
Minha gente, brasileiros e brasileiras, companheiros, meu povo, haja paciência.
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