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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF identifica retiradas e tenta achar correntistas
Márcio Thomaz Bastos afirma que caso do dossiê está "está praticamente esclarecido"
Documentos mostram que parte do dinheiro utilizado na tentativa de compra do dossiê teve sua origem no Bradesco, em São Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Federal já identificou alguns saques e notificou o
Banco Central para localizar o
titular da conta corrente, além
de encontrar a pessoa responsável pela retirada do dinheiro
que seria usado para comprar o
dossiê contra os tucanos. Algumas dessas operações já devem,
inclusive, ter sido concluídas.
Documentos em poder da PF
e do Ministério Público mostram que parte do dinheiro usado na tentativa de compra do
dossiê teve origem num departamento interno do Bradesco
situado na rua Camaragibe, 97,
na Barra Funda, em São Paulo.
Há no inquérito da Polícia
Federal cópia de três cintas de
papel usadas para embalar maços de dinheiro. Nelas, há o logotipo do Bradesco, a inscrição
R$ 5 mil, em cada uma, além do
carimbo "3752". Isso mostraria
que pelo menos R$ 15 mil dos
R$ 1,16 milhão saíram do local.
O atendimento eletrônico do
Bradesco informou que "3752"
era uma agência na Barra Funda. A Folha ligou para o endereço e um funcionário informou que no local funciona um
departamento com esse número, mas de onde não é possível
realizar saques. Segundo ele, o
órgão lida com "numerário", ou
seja, é responsável por abastecer com dinheiro as agências e
os postos de atendimento do
banco. Próximo às cintas do
banco, há um carimbo com a
inscrição: "Regional Lapa".
A PF também tem cintas do
BankBoston (com o nome
"Cinthia") e do Safra, além de
fitas de soma sem identificação. Por fim, há duas inscrições: "118 - Caxias" e "119
-Campo Grande".
A CPI dos Sanguessugas recebeu ontem toda a documentação relativa às investigações.
Os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Carlos Sampaio
(PSDB-SP), transportaram o
material para o cofre da CPI,
no Congresso. Só no dia 4 a comissão deve analisá-lo.
Gabeira afirmou que, mesmo
não tendo olhado a documentação, acredita que o importante para a PF é "achar o caminho
dos reais", já que levaria meses
a identificação dos dólares que
também foram usados na tentativa de venda do dossiê.
Bastos
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou
ontem, no Rio, que o caso dos
dossiês está "está praticamente
esclarecido", com os motivos e
autorias identificados. Disse
não ter idéia se tudo estará solucionado até a eleição em 1º de
outubro, mas que "não se pode
entrar na histeria eleitoral"
nem "condicionar a investigação policial à lógica e ao tempo
de uma campanha eleitoral".
"O caso está praticamente esclarecido. A cadeia causal, de
autorias, já foi desvendada, até
por confissão das pessoas. A PF
fez um trabalho extremamente
eficiente. A polícia já cumpriu
seu papel e vai continuar cumprindo", afirmou, após o encerramento da 75ª Assembléia Geral da Interpol, no Rio.
Segundo Thomaz Bastos, a
PF está "fazendo tudo" para
descobrir a origem do R$ 1,7
milhão apreendido e solucionar o crime rapidamente. Ele
disse duas vezes que desvendar
o episódio "é um ponto de honra" para o presidente Lula. Segundo ele, o objetivo é "não deixar poeira embaixo do tapete".
O ministro contestou a informação da Folha de ontem de
que a PF tentou abafar o caso e
afastou o delegado Edmilson
Pereira Bruno com esse objetivo: "O delegado que atendeu a
ocorrência e fez a brilhante
operação de prender as pessoas
era o do plantão. Quando termina o plantão, sai, não fica
vinculado ao inquérito. É uma
questão interna da PF."
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