São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Negócio de ocasião

Antes mesmo de saber se Walfrido dos Mares Guia (PTB) será denunciado pelo procurador-geral da República no caso do valerioduto mineiro, a base aliada já alimenta uma bolsa de apostas sobre a possível substituição do coordenador político do governo.
Petistas de todas as tendências não escondem que esse cenário lhes agradaria. No varejo, o partido atribui ao ministro a perda de um punhado de cargos na máquina federal. No atacado, nunca engoliu um não-petista nessa função. "Digamos que o Walfrido não se empenhou em cativar o PT ou o Senado", diz um senador do partido. O deputado Henrique Fontana (RS) e o candidato-de-todas-as-horas Jorge Viana são nomes lembrados para a cadeira. Já as demais siglas da base falam no deputado José Múcio (PTB-PE).

Dois gumes. No Planalto, há quem não veja tanta graça na denúncia, dada como certa, contra o ex-governador de Minas e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB). Não bastasse a possibilidade de Walfrido ser levado de roldão, há o efeito comparativo: se o tucano tinha de saber, por que o mesmo não vale para Lula?

Distintivo. Os petistas que constam da suposta lista de beneficiários de recursos do valerioduto mineiro foram justamente os que se insurgiram contra a decisão do partido de apoiar Itamar Franco (PMDB) contra Azeredo no segundo turno da eleição para o governo estadual em 1998.

Na pele. Wellington Salgado (PMDB-MG) voltou assustado de visita a São Paulo no fim de semana passado. Contou a colegas senadores que, durante um giro de compras, foi duramente cobrado na rua pelo apoio a Renan Calheiros.

Água fresca. O ex-Campo Majoritário do PT, rebatizado de Construindo um Novo Brasil, marcou para o fim de semana que vem, num tranqüilo hotel de Atibaia (SP), o debate para escolher seu candidato à presidência da sigla.

Uni-duni-tê. Está parado o projeto do governo para criar um centro de tecnologia em etanol. Os cientistas envolvidos defendem que seja uma organização social. Contrária ao modelo das OSs, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) quer que o centro funcione como fundação estatal.

Cubo mágico 1. Surgiu na praça uma idéia para resolver o impasse demo-tucano em São Paulo: fazer do prefeito Gilberto Kassab (DEM) o vice de uma chapa liderada por Geraldo Alckmin (PSDB).

Cubo mágico 2. Quem aposta nessa saída alega que Kassab e seu partido poderiam ser convencidos com a perspectiva de herdar a prefeitura novamente em 2010, quando Alckmin concorreria ao governo. Já um tucano que considera tudo uma loucura resume assim a inviabilidade do projeto: "Raio não cai duas vezes na mesma casa".

Em aberto. Do deputado Aldo Rebelo (PC do B), um dos pré-candidatos a prefeito, sobre o quadro eleitoral em São Paulo: "Está como aquelas conjunturas que antecedem as grandes guerras. Todo mundo pode ser aliado e todo mundo pode ser inimigo".

Ecumênico. Com a benção de Lula, Aécio Neves e Fernando Pimentel procuram um nome para ser apoiado por ambos na sucessão em Belo Horizonte. O pré-requisito é que ele não seja filiado nem ao PSDB do governador nem ao PT do prefeito.

Embolados 1. Pesquisa do instituto Data Quali para o DEM mostra o tucano e ex-prefeito Antonio Imbassahy na liderança da pré-campanha em Salvador, com 19%. Colado vem Raimundo Varella (PRB), com 18%, e depois ACM Neto (DEM), com 15%.

Embolados 2. O atual prefeito, João Henrique (PMDB), aparece em quarto lugar, com 13%, seguido da ex-ocupante do cargo Lídice da Matta (PSB), com 11%. O petista Nelson Pellegrino tem 8%.

Tiroteio

Os senadores do PT paulista têm uma peculiaridade: quando não perdem o eixo, como Suplicy, espanam, como Mercadante.


Do deputado RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP), recorrendo a um episódio da campanha paulistana de 1992, quando Eduardo Suplicy se ausentou por uns dias com o objetivo de "procurar o eixo", para criticar as idas e vindas de Aloizio Mercadante no caso Renan.

Contraponto

Doutrinação

Defensor solitário, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, da manutenção do voto secreto em processos de cassação, Marcelo Crivella (PRB-RJ) recorreu a todas as armas no debate. Embora pertença à Igreja Universal do Reino de Deus, usou até o conclave do Vaticano:
-A escolha do papa é feita por meio de voto secreto. E depois, para completar, os votos são incinerados!
Presidente da CCJ, o católico fervoroso Marco Maciel (DEM-PE) reverteu o argumento em favor do voto aberto:
-Até a Igreja está modificando as regras do voto!
Depois da sessão, Maciel cuidou de enviar para Crivella o texto "Motu Proprio", de Bento 16, que mantém o voto secreto, mas altera algumas regras da eleição do papa.


Próximo Texto: Empreiteiras de obras da Universal financiam PRB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.