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Ex-mulher prefere Cacciola na Itália
Adriana Oliveira, que já foi miss Brasil, espera que ex-banqueiro consiga ficar onde estava foragido
Ex-mulher afirma que soube da prisão de Cacciola pela televisão, em Porto Alegre: "Foi uma enorme surpresa, fiquei muito triste"
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Casada durante dez anos
com o ex-banqueiro Salvatore
Alberto Cacciola, Adriana Oliveira torce para que o ex-marido, preso em Mônaco há oito
dias, consiga voltar para a Itália. "Desde que ele deixou o
Brasil, há sete anos, nunca mais
pensou em voltar."
Discreta e avessa a entrevistas, Adriana passou os anos ao
lado de Cacciola em silêncio.
Aceitou conversar com a reportagem porque queria esclarecer
fatos divulgados sobre o ex-marido que, segundo ela, não são
verdadeiros. "Faço também um
desabafo por todo o sofrimento
que a minha família passou."
Adriana, que foi eleita miss
Brasil em 1981 e miss Brasil
Mundo em 1984, estava em
Porto Alegre visitando os pais
quando soube da prisão do ex-banqueiro pela Interpol. Diz
ter ficado em choque.
Mãe de dois filhos, Adriana
se separou de Cacciola há cerca
de um ano. "Foi uma separação
consensual, amigável. Eu estava muito cansada, me sentindo
doente, e precisava reconstruir
a minha vida. Não agüentei
mais ficar na Itália, queria voltar para o Brasil, que é o país
que eu amo. Hoje só quero recomeçar a minha vida em paz."
Adriana voltou com os dois
filhos para o Rio de Janeiro. Diz
receber de Cacciola uma ajuda
financeira. O valor não revela.
Vaidosa e simpática, a miss
também omite a idade. "Não,
isso não", responde rindo.
Leia abaixo a entrevista concedida por telefone:
FOLHA - Como você soube da prisão de Cacciola em Mônaco?
ADRIANA OLIVEIRA - Vi pela televisão. Eu estava em Porto Alegre visitando os meus pais. E foi
uma enorme surpresa, um choque, fiquei muito triste.
FOLHA - Por que você acha que ele
saiu da Itália, sabendo que poderia
ser preso?
ADRIANA - Quando morávamos
juntos, ele sempre teve muita
consciência de que não poderia
sair da Itália. Claro que havia
tentações mas, na maioria das
vezes, eram da minha parte. O
Alberto [Cacciola] sempre teve
muita cautela. Acho que a viagem para Mônaco foi um momento de confiança. Ele deve
ter se sentido confortável para
arriscar um final de semana.
FOLHA - Como era a vida de vocês
em Roma?
ADRIANA - Nós enfrentamos
muitas dificuldades para conseguir reconstruir nossa vida
na Itália. Foi muito difícil. Alberto chegou à Itália com um
dinheiro dele, que era tudo o
que tinha para se estabelecer.
Nunca existiu nenhuma conta
bancária lá fora nos esperando,
como algumas pessoas falam.
Isso nunca existiu, nunca. Em
alguns momentos, ele precisou
pedir dinheiro emprestado para os amigos [ela não revela valores nem nomes].
FOLHA - Ele trabalhava na Itália?
ADRIANA - Apesar das mudanças, o Alberto não mudou o jeito dele nem a determinação de
trabalhar e trabalhar muito. A
filosofia dele era: fazer e depois
correr atrás do dinheiro para
pagar. Em Roma, ele ficou um
ano e meio desempregado. Foi
quando escreveu o livro ["Eu,
Alberto Cacciola, Confesso"].
Ele sempre foi muito bom para
os negócios. Depois começou a
trabalhar no hotel. A vida nunca foi fácil na Itália.
FOLHA - Mas, quando vocês chegaram em Roma, moravam em um
condomínio de luxo.
ADRIANA - O Alberto é uma pessoa muito simples. No começo
ele não aceitou abaixar o padrão de vida, e sei que fez isso
por mim e por meus filhos. Ele
foi um ótimo marido, um ótimo
pai. Sei que, se fosse só por ele,
moraria em qualquer lugar. No
começo morávamos mesmo
em uma casa num lugar privilegiado. Depois fomos para uma
casa menor. Hoje ele mora em
um apartamento, longe do centro de Roma, de dois quartos e
sem garagem. E ele paga aluguel. Na Itália, sempre moramos de aluguel.
FOLHA - No início, como foi a adaptação em Roma?
ADRIANA - Foi muito difícil.
Nós construímos tudo juntos.
Como eu já havia morado na
Itália, apresentei meus amigos
ao Alberto. E ele, que sempre
foi muito trabalhador, foi buscando um espaço para ganhar
dinheiro, para nos manter. A vida como mulher, ao lado dele
na Itália, era muito difícil. Eu
também me sentia presa.
FOLHA - Ele é o dono de um hotel
quatro estrelas em Roma?
ADRIANA - Não, ele tem uma
participação na administração
do hotel, no "business". O prédio é alugado. Antes, era um
prédio de escritórios. Durante
um ano, o lugar ficou fechado
para reforma. Foi um período
difícil. O Alberto pediu ajuda
para alguns amigos.
FOLHA - Ele constrói casas na Itália?
ADRIANA - O Alberto sempre foi
muito bom para os negócios.
Ele passou a investir na construção de casas pequenas nos
arredores de Roma. Ele fazia
um financiamento no banco,
pegava o dinheiro emprestado,
construía a casa e vendia. Era
uma forma de ganhar dinheiro.
FOLHA - Como você vê a possibilidade de uma extradição?
ADRIANA - O Alberto é uma pessoa muito forte. Apesar de todas as perdas que teve na vida,
continua forte e uma pessoa
doce. Ele nunca mais pensou
em voltar para o Brasil. Espero
que ele não venha para cá, que
volte para a Itália. Lá, ele só se
dedicou a reconstruir a vida e a
ser feliz. Veja só, a cunhada de
Alberto foi assassinada há um
mês, no Rio de Janeiro [na verdade, o crime ocorreu no dia 24
de maio]. E o assassino está solto. E o Alberto, por uma questão política, é obrigado a passar
por tudo isso.
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