São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Ex-mulher prefere Cacciola na Itália

Adriana Oliveira, que já foi miss Brasil, espera que ex-banqueiro consiga ficar onde estava foragido

Ex-mulher afirma que soube da prisão de Cacciola pela televisão, em Porto Alegre: "Foi uma enorme surpresa, fiquei muito triste"

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Casada durante dez anos com o ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, Adriana Oliveira torce para que o ex-marido, preso em Mônaco há oito dias, consiga voltar para a Itália. "Desde que ele deixou o Brasil, há sete anos, nunca mais pensou em voltar."
Discreta e avessa a entrevistas, Adriana passou os anos ao lado de Cacciola em silêncio. Aceitou conversar com a reportagem porque queria esclarecer fatos divulgados sobre o ex-marido que, segundo ela, não são verdadeiros. "Faço também um desabafo por todo o sofrimento que a minha família passou."
Adriana, que foi eleita miss Brasil em 1981 e miss Brasil Mundo em 1984, estava em Porto Alegre visitando os pais quando soube da prisão do ex-banqueiro pela Interpol. Diz ter ficado em choque.
Mãe de dois filhos, Adriana se separou de Cacciola há cerca de um ano. "Foi uma separação consensual, amigável. Eu estava muito cansada, me sentindo doente, e precisava reconstruir a minha vida. Não agüentei mais ficar na Itália, queria voltar para o Brasil, que é o país que eu amo. Hoje só quero recomeçar a minha vida em paz."
Adriana voltou com os dois filhos para o Rio de Janeiro. Diz receber de Cacciola uma ajuda financeira. O valor não revela. Vaidosa e simpática, a miss também omite a idade. "Não, isso não", responde rindo. Leia abaixo a entrevista concedida por telefone:  

FOLHA - Como você soube da prisão de Cacciola em Mônaco?
ADRIANA OLIVEIRA
- Vi pela televisão. Eu estava em Porto Alegre visitando os meus pais. E foi uma enorme surpresa, um choque, fiquei muito triste.

FOLHA - Por que você acha que ele saiu da Itália, sabendo que poderia ser preso?
ADRIANA
- Quando morávamos juntos, ele sempre teve muita consciência de que não poderia sair da Itália. Claro que havia tentações mas, na maioria das vezes, eram da minha parte. O Alberto [Cacciola] sempre teve muita cautela. Acho que a viagem para Mônaco foi um momento de confiança. Ele deve ter se sentido confortável para arriscar um final de semana.

FOLHA - Como era a vida de vocês em Roma?
ADRIANA
- Nós enfrentamos muitas dificuldades para conseguir reconstruir nossa vida na Itália. Foi muito difícil. Alberto chegou à Itália com um dinheiro dele, que era tudo o que tinha para se estabelecer.
Nunca existiu nenhuma conta bancária lá fora nos esperando, como algumas pessoas falam. Isso nunca existiu, nunca. Em alguns momentos, ele precisou pedir dinheiro emprestado para os amigos [ela não revela valores nem nomes].

FOLHA - Ele trabalhava na Itália?
ADRIANA
- Apesar das mudanças, o Alberto não mudou o jeito dele nem a determinação de trabalhar e trabalhar muito. A filosofia dele era: fazer e depois correr atrás do dinheiro para pagar. Em Roma, ele ficou um ano e meio desempregado. Foi quando escreveu o livro ["Eu, Alberto Cacciola, Confesso"]. Ele sempre foi muito bom para os negócios. Depois começou a trabalhar no hotel. A vida nunca foi fácil na Itália.

FOLHA - Mas, quando vocês chegaram em Roma, moravam em um condomínio de luxo.
ADRIANA
- O Alberto é uma pessoa muito simples. No começo ele não aceitou abaixar o padrão de vida, e sei que fez isso por mim e por meus filhos. Ele foi um ótimo marido, um ótimo pai. Sei que, se fosse só por ele, moraria em qualquer lugar. No começo morávamos mesmo em uma casa num lugar privilegiado. Depois fomos para uma casa menor. Hoje ele mora em um apartamento, longe do centro de Roma, de dois quartos e sem garagem. E ele paga aluguel. Na Itália, sempre moramos de aluguel.

FOLHA - No início, como foi a adaptação em Roma?
ADRIANA
- Foi muito difícil. Nós construímos tudo juntos. Como eu já havia morado na Itália, apresentei meus amigos ao Alberto. E ele, que sempre foi muito trabalhador, foi buscando um espaço para ganhar dinheiro, para nos manter. A vida como mulher, ao lado dele na Itália, era muito difícil. Eu também me sentia presa.

FOLHA - Ele é o dono de um hotel quatro estrelas em Roma?
ADRIANA
- Não, ele tem uma participação na administração do hotel, no "business". O prédio é alugado. Antes, era um prédio de escritórios. Durante um ano, o lugar ficou fechado para reforma. Foi um período difícil. O Alberto pediu ajuda para alguns amigos.

FOLHA - Ele constrói casas na Itália?
ADRIANA
- O Alberto sempre foi muito bom para os negócios. Ele passou a investir na construção de casas pequenas nos arredores de Roma. Ele fazia um financiamento no banco, pegava o dinheiro emprestado, construía a casa e vendia. Era uma forma de ganhar dinheiro.

FOLHA - Como você vê a possibilidade de uma extradição?
ADRIANA
- O Alberto é uma pessoa muito forte. Apesar de todas as perdas que teve na vida, continua forte e uma pessoa doce. Ele nunca mais pensou em voltar para o Brasil. Espero que ele não venha para cá, que volte para a Itália. Lá, ele só se dedicou a reconstruir a vida e a ser feliz. Veja só, a cunhada de Alberto foi assassinada há um mês, no Rio de Janeiro [na verdade, o crime ocorreu no dia 24 de maio]. E o assassino está solto. E o Alberto, por uma questão política, é obrigado a passar por tudo isso.


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