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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Prefeito é dissimulado e cooptou tucanos, diz Aníbal
Líder defende Alckmin de críticas feitas por Clóvis Carvalho, secretário de Kassab
Aliado a Alckmin, deputado afirma que a campanha do DEM é feita de intrigas, mentiras, cisões, divisões: "Isso é um pouco o Kassab"
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Líder do PSDB na Câmara, o
deputado José Aníbal saiu em
defesa do candidato tucano Geraldo Alckmin, responsabilizado pelo secretário municipal de
Governo, Clóvis Carvalho, pela
desunião dos tucanos na disputa da capital. A declaração de
Carvalho foi em entrevista à
Folha. Aníbal disse que Gilberto Kassab (DEM), em um jogo
"dissimulado", cooptou tucanos que hoje são "execrados"
pelo partido. Ele atribuiu a entrevista de Carvalho ao "desespero" dos kassabistas.
FOLHA - A que o sr. atribui a piora
nas relações das campanhas de
Alckmin e Kassab?
JOSÉ ANÍBAL - Conseguimos
mostrar que o Kassab e sua
campanha tinham intenção deliberada de vender o engodo à
população de que o Kassab é
meio PSDB, meio tucano. Como ele cooptou -e ele sabe
bem como cooptou boa parte
dos vereadores e manteve no
seu governo secretários [tucanos]-, ele passou a usar isso
para dizer que era meio tucano.
Mostramos que essa estratégia
era oportunista. Mostramos
que o Kassab é o Kassab, com a
história dele, os amigos dele, os
compromissos dele, e o Geraldo é outra coisa, tem outra história, PSDB, Covas, Fernando
Henrique, Serra.
FOLHA - Ele disse que a desunião se
deve ao personalismo de Alckmin.
ANÍBAL - Essa é uma campanha
feita de intrigas, mentiras, cisões, divisões. Isso é um pouco
o Kassab. (...) O exemplo mais
recente é o Clóvis Carvalho. Essa entrevista é desesperada e
grosseira. Ele foi apenas porta-voz do Kassab, que é muito dissimulado, não põe a cara, não
joga aberto.
FOLHA - Mas o governo na cidade é
em grande parte do PSDB.
ANÍBAL - No momento em que
o partido decidiu, com mais de
90%, por uma candidatura,
acabou. Essa gente tinha que
ter saído do governo.
FOLHA - Por que não saíram?
ANÍBAL - Porque foram cooptados para prestar esse serviço.
FOLHA - De que maneira?
ANÍBAL - Com espaço de governo, com ajuda de campanha.
Essas campanhas desses vereadores são campanhas expressivas em termos de meios. Coisas
que os nossos não têm.
FOLHA - A campanha mostrou que
existe uma divisão dentro do PSDB.
ANÍBAL - Eles estão aí todo o
tempo criando essa imagem de
divisão. Conversa fiada. O
PSDB está com Alckmin.
FOLHA - Kassab não segue a administração iniciada por Serra?
ANÍBAL - Em vez de cuidar bem
da cidade, ele está manejando
com acordos de todos os lados,
sabe Deus como. E ao mesmo
tempo uma tentativa de fragmentar o PSDB, através de
cooptações. Não tem nada de
ideológico. Ele pode ser candidato, mas com inteireza, não
um candidato dissimulado,
dando golpinho aqui, tentando
uma divisão acolá, e fazendo
uma má gestão.
FOLHA - Serra elogiou a gestão.
ANÍBAL - Tudo bem, essa é uma
opinião do governador, respeitável. Eu tenho outra opinião.
FOLHA - Tinha como evitar essa
disputa?
ANÍBAL - Era só haver um entendimento em relação à candidatura do Geraldo, que era a
melhor colocada para a disputa
com a Marta. Não foi possível.
O que nós não imaginávamos é
que haveria essa cooptação
muito fora do território da política, e esses secretários, que,
por acomodação, por interesse,
por inércia, acabassem ficando
no governo. Vem com essa história de "Sou tucano, apóio Kassab", que tem direito a opinião.
Tudo bem, você tem direito,
mas deixa então de ser tucano.
FOLHA - Ainda é possível compor
com o DEM no segundo turno?
ANÍBAL - Acho que sim. Desde
que se fale abertamente.
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