São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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PAINEL

Mudança de atitude
Com Lula na rampa do Planalto, o PT já trabalha no Congresso pela manutenção da alíquota de 27,5% no Imposto de Renda em 2003 para quem ganha acima de R$ 2.115 mensais. O índice vale até 31 de dezembro e voltaria para 25% em janeiro. Mas o partido, no discurso governista, "não quer perder receita".

Agora é legal
A alíquota de 27,5% vigora desde 97, substituindo a de 25%. Em 99, Lula sugeriu a José Dirceu que fizesse campanha contra a prorrogação da nova alíquota: "Acho que todo cidadão brasileiro deveria criar vergonha na cara e lutar contra isso".

Fogo amigo
A cúpula do PT-SP está preocupada com o clima de "já ganhou". Acha que pode desmobilizar a militância na reta final da campanha. Mais do que prejudicar Lula, o relaxamento atrapalha a campanha de Genoino, que corre atrás de Alckmin.

Papel passado
Cotado para integrar eventual governo Lula, Antônio Palocci Filho terá de passar por cima de sua assinatura se quiser ir para Brasília. Em 2000, candidato a prefeito de Ribeirão Preto, protocolou documento em cartório declarando que ficaria no cargo até o último dia do mandato.

Mosca na sopa
Na apresentação do programa de cultura do PT, Lula buscou em Raul Seixas inspiração para pedir contribuições ao texto: "É uma metamorfose ambulante".

Para a TV
A preocupação com o marketing dominou o evento de Lula para a cultura. No palco, Marisa abriu uma bandeira do Brasil do avesso. Um membro da equipe de Duda Mendonça cochichou ao ouvido da mulher de Lula para que a falha fosse corrigida.

Fim de governo
O ministro Celso Lafer (Relações Exteriores) está lançando o livro "Mudam-se os Tempos", sobre política internacional.

Turbulência econômica
Por falta de pagamento, Serra não poderá mais usar o jatinho da empresa Líder Táxi Aéreo, que deixou de prestar serviço para a campanha do tucano. O PSDB contratou a Voetur.

Caladão
O comitê de Serra recolheu celulares de alguns funcionários. Com poucos recursos em caixa, os tucanos não pagaram as empresas telefônicas e os aparelhos começaram a ser cortados.

Orações fervorosas
Oficialmente, o comitê de Serra ainda acredita na virada. Dirigentes tucanos apostam no "voto envergonhado" -eleitores que supostamente declarariam voto no petista, mas, na hora H, digitariam o 45 do PSDB.

Pequena vingança
Antes de anunciar seu apoio a José Genoino (PT), Paulo Maluf (PPB) mandou o seguinte recado para Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de tucanos que o procuraram: "Se quiser meu voto, o governador terá de falar comigo pessoalmente".

Beija-mão
Atacado duramente por Geraldo Alckmin na campanha, Paulo Maluf queria que o tucano fizesse uma espécie de retratação, constrangendo-o a pedir seu apoio. O ex-prefeito de SP tinha uma segunda exigência: o PPB teria direito a três secretarias se o tucano fosse reeleito.

Fator língua
Einhart Paz, marqueteiro de Ciro na sucessão de FHC, iniciou pesquisa para um livro que pretende escrever sobre a eleição. Está disposto a analisar, inclusive, a influência das frases polêmicas do ex-ministro na sua queda vertiginosa nas pesquisas.

Escudo econômico
Amaury Bier, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, foi escalado pela equipe econômica para representá-la durante a transição. O ministro Pedro Malan (Fazenda), que já trocou muitas farpas com Lula, preferiu ficar de fora.

TIROTEIO

Do deputado federal Jair Bolsonaro (PPB-RJ), notório pelos xingamentos que faz a FHC e a integrantes do governo:
- Como não tenho nenhuma condição de votar em José Serra, eu estou sendo compulsado a votar no Lula.

CONTRAPONTO

Número incontestável

Em seminário realizado anteontem em SP pelo jornal "Valor Econômico" com as presenças de Guido Mantega e Gesner Oliveira, assessores econômicos, respectivamente, de Lula e José Serra, quem ficou na condição de franco-atirador foi o ex-ministro do Planejamento do governo João Figueiredo (1979-1985) Delfim Netto (PPB-SP).
Delfim fez blague das duas exposições dos assessores, que o antecederam respondendo a perguntas sobre "os rumos da economia brasileira":
- Ou as perguntas foram muito complicadas ou as exposições foram amplas demais.
Sobre supostas conquistas do governo FHC citadas por Gesner, Delfim primeiro afirmou:
- De todos esses avanços, o único correto é o aumento do consumo de telefones celulares.
E completou:
- Isso porque não havia celulares no Brasil...



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