São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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SÃO PAULO

Apesar do apoio declarado de Paulo Maluf a José Genoino, candidatos eleitos vão fazer campanha para Geraldo Alckmin

Prefeitos e deputados do PPB rejeitam o PT

LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de sofrer sua maior derrota nas urnas e declarar apoio aos petistas no segundo turno da eleição para o governo de São Paulo, o ex-prefeito Paulo Maluf terá de enfrentar agora um partido fragmentado e cansado do caciquismo paulista, o seu PPB.
A grande maioria dos candidatos eleitos para o exercício de 2003 pela legenda discorda do posicionamento de Maluf que, em nota divulgada anteontem, declarou apoio ao candidato do PT José Genoino para o governo paulista.
Apesar de o presidente estadual do PPB, Jesse Ribeiro, afirmar que a nota reproduz uma decisão do partido, a bancada pepebista preferiu ler a declaração de voto como um apoio individual e pessoal.
A Folha procurou os sete deputados estaduais e os três federais eleitos pela sigla para o exercício de 2003. Apenas um não foi localizado (Gilson Sousa, estadual).
Dos nove parlamentares, apenas um disse que irá seguir a orientação de Maluf: o capitão da Rota e deputado estadual Conte Lopes. "Irei votar em Genoino por fidelidade partidária."
O deputado federal Cunha Bueno, um dos principais líderes do PPB e candidato derrotado ao Senado na chapa de Maluf neste ano, enviou ontem à noite uma carta ao cacique na qual discorda do apoio ao petista e informa que vai se desfiliar do partido.
Entre os seis deputados eleitos, a preferência é pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Não só o apóio, como faço campanha para ele, com direito a bandeiras e camisetas", afirmou o deputado federal Wagner Salustiano, que defende o fim da hegemonia malufista no partido e uma maior abertura para novas lideranças.
Salustiano, eleito deputado estadual, tem planos para disputar a sucessão municipal pelo PPB, vaga até então exclusiva de Maluf.
Além dele, disseram que irão apoiar a candidatura de Alckmin os deputados federais Celso Russomanno e Vadão Gomes e os estaduais Edson Gomes, Aldo Demarchi e Antônio Salim Curiati.
Segundo o PSDB, Sousa, que é da região de Franca, já declarou apoio ao governador e está trabalhando pelos tucanos no interior.
"Houve um posicionamento pessoal de Maluf, que respeitamos, e um posicionamento nosso", disse Russomanno.
"Não entendi a atitude de Maluf. Acho que foi um aconselhamento. Eu não ficaria bem com minha consciência nem com minha coerência política se votasse em Genoino. Estou com Alckmin", afirmou Demarchi.
O deputado federal Delfim Netto, que declarou apoio a Lula, informou, pela assessoria, que não irá declarar seu voto no Estado.
Eleito deputado estadual, o coronel Ubiratan, que comandou a operação no caso dos 111 presos mortos do Carandiru, não quis declarar seu voto, mas deu a senha: "Não irei votar em Genoino por convicção ideológica".
Na opinião da maioria, o melhor caminho para o PPB teria sido liberar os votos dos militantes.
Parte dos prefeitos do PPB, no entanto, não irá acompanhar a decisão de Maluf. "Desde o início defendi que o partido ficasse ao lado de Alckmin", disse Beto Mansur (PPB), prefeito de Santos. Segundo ele, o PPB precisa se "oxigenar" em São Paulo.
"Estou com o Maluf desde o tempo da Arena. Tomei um susto quando vi que ele ia apoiar o PT", disse o prefeito de Elias Fausto, Rui Thoni. Segundo Jesse Ribeiro, o apoio a Genoino não foi uma decisão exclusiva de Maluf. "Prevaleceu a opinião da maioria dos partidários", afirmou Ribeiro.


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