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Nordeste ainda concentra números ruins
DA SUCURSAL DO RIO
Para o demógrafo Celso Simões, a chance de abater a mortalidade infantil para 20 por mil exige um esforço concentrado no
Nordeste -é a mesma visão de
alvo principal do ministro da Saúde, Barjas Negri.
Nacionalmente, são necessárias
mudanças estruturais, como ampliar o acesso à renda e amenizar
o desemprego, afirma Simões.
"Houve avanços nos últimos
anos, mas os níveis ainda são altos", diz o demógrafo.
A mortalidade de crianças até 5
anos de idade também baixou
mais vagarosamente de 1995 a
2000 do que nos cinco anos anteriores. A esperança de vida ao
nascer, outro indicador fundamental da qualidade de vida, cresceu na década de 90: de 65,9 anos
em 1991 para 68,55 em 2000.
O recrudescimento da violência
entre homens de 15 a 39 anos de
idade provocou o estacionamento da esperança de vida no Estado
do Rio. "O que se ganhou na década de 90 na mortalidade infantil se
perdeu depois", diz Simões. Para
os homens, a esperança de vida
no Rio está na casa de 62 anos.
Não fossem as "causas externas"
das mortes de homens jovens, deveria ficar entre 64 e 65 anos.
Mesmo com a manutenção da
quase secular linha declinante da
mortalidade infantil, o Brasil ainda se mantém longe do padrão de
5 a 7 por mil nascidos vivos, faixa
considerada como "parâmetro de
civilidade" por Celso Simões.
Muitos países americanos têm
taxas mais baixas que o Brasil, segundo estimativa para 2000 do
Population Reference Bureau
com base em dados da ONU.
Exemplos: Cuba (7), Porto Rico
(11,3), Argentina (19,1), Venezuela e Panamá (21), Trinidad e Tobago (24), Paraguai (27) e Colômbia (28). O Brasil está melhor que,
entre outros, Haiti (103), Bolívia
(67) e Nicarágua (40).
Em países como Japão, Canadá
e Portugal não chegam a morrer
antes de 1 ano de idade nem 5 bebês de cada mil que nascem vivos.
Os números brasileiros, maiores do que os de vários países latino-americanos, se devem a motivos históricos, diz Barjas Negri:
"As razões são históricas e têm a
ver com o processo de desenvolvimento econômico que beneficiou
as regiões do Centro-Sul em detrimento, principalmente, do Nordeste. Esse processo provocou
grandes desigualdades regionais,
afetando os grupos mais vulneráveis, como as crianças".
"A população nordestina historicamente teve muito menos
acesso à educação, saneamento
básico, mercado de trabalho e
renda. Obviamente todos estes fatores têm relação direta com a
mortalidade infantil."
(MM)
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