São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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Petistas se solidarizam antes do julgamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de o PT decidir seu futuro, o ex-tesoureiro Delúbio Soares teve o apoio de companheiros que defendiam uma punição mais branda ao principal acusado de financiar o "mensalão".
O argumento desses petistas foi o de que a prática de caixa dois é feita entre outros partidos, além do PT, mesma alegação de Delúbio ao fazer sua defesa no processo de expulsão do partido. Os petistas qualificaram a atuação do ex-tesoureiro como "erro administrativo" ou "gestão temerária".
Ontem, inclusive, o discurso petista era de reconhecimento da existência do caixa dois no próprio partido, embora nenhum dos entrevistados tenha admitido a prática pessoal.
"Até há pouco tempo, ele [Delúbio] era um gladiador eficiente e buscava recursos porque o partido optou por fazer campanhas e chegar ao poder", disse o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, membro da executiva do partido e, como tal, com direito a voto. Felício propôs punição ao companheiro, mas uma suspensão um a dois anos.
"Não aceito que alguns partidos que se apoderaram do poder público neste país, e que inventaram o "valerioduto", se safem (sic) agora como se fossem os grandes defensores da moral e dos bons costumes", disse o presidente da CUT, em alusão ao PSDB, cujo presidente nacional, Eduardo Azeredo (MG), é acusado de se beneficiar de recursos das empresas de Marcos Valério em sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998. Azeredo não foi reeleito na ocasião.
A comparação com o PSDB serviu de mote ao presidente do diretório estadual do PT paulista, Paulo Frateschi, para defender o abrandamento da punição a Delúbio. "O que ele fez foi a mesma coisa que o Azeredo", comparou. "Eu me sentiria incomodado em votar [na expulsão] porque todos fizeram caixa dois", admitiu.


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