São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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Mauro Paulino

Brasileiros preferem Lula

MESMO JULGANDO que há corrupção no governo, a maioria dos brasileiros com direito a voto opta por Lula. Contra Alckmin a vantagem do petista só esteve ameaçada duas vezes: no auge do mensalão, em dezembro de 2005, e no auge da crise do dossiê, às vésperas do primeiro turno. Nos dois momentos Lula reagiu e recuperou seus eleitores. Em junho de 2005, dez dias após a primeira entrevista de Roberto Jefferson à Folha denunciando o mensalão, o Datafolha apurou que, num segundo turno contra Alckmin, Lula conquistaria 54% do eleitorado contra 28% do tucano. Naquele momento seu governo tinha 36% de aprovação. A pesquisa revelou que Lula tinha dificuldade entre eleitores de maior renda e instrução. Até o final do ano passado o escândalo do mensalão continuou produzindo fatos importantes amplamente expostos. Em agosto, a vantagem de Lula sobre Alckmin chegou a apenas dez pontos até desaparecer em dezembro, quando empataram. Lula atingiu então a mais baixa taxa de aprovação a seu primeiro mandato (28%) e a mais alta reprovação (29%). Enquanto minguavam as repercussões do mensalão, o governo expôs seus feitos. Já em fevereiro Lula recuperou a mesma avaliação positiva que conseguia seis meses antes e abriu 18 pontos de vantagem sobre Alckmin. Mesmo assim a maioria dos eleitores afirmava que existia corrupção no governo e atribuía ao presidente responsabilidade nos casos. Essa mesma pesquisa mostrava que Lula obtinha muito mais votos entre os entrevistados que participavam ou conheciam alguém com acesso aos programas sociais do governo, em especial o Bolsa Família. O mapa da apuração do primeiro turno confirmou a relevância dessa informação mostrada pelo Datafolha. A avaliação do governo melhorou durante a campanha até atingir 52% -a maior aprovação obtida por um presidente após a redemocratização. Por sete meses Lula manteve a média de 18 pontos de vantagem contra Alckmin, até 15 de setembro, quando estourou a crise do dossiê. Associado à repercussão de sua ausência no debate da TV Globo, esse escândalo causou em duas semanas efeito eleitoral semelhante ao que o mensalão levara seis meses para produzir. Parte dos eleitores de Lula preferiu vê-lo disputar o segundo turno. Com o esfriamento do noticiário sobre o dossiê, as pesquisas de outubro mostraram que Lula, no segundo turno, recuperou seus eleitores na mesma intensidade do início do ano, retomou sua taxa recorde de avaliação positiva e alcançou 60% das intenções de voto, seu maior percentual desde junho de 2005. A diferença para Alckmin voltou para a média do período pré-dossiê. As pesquisas ajudaram a revelar a história dessa eleição. Alckmin tem uma semana para revertê-la.


MAURO PAULINO é diretor-geral do instituto Datafolha


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