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Dilma conta com votos de "oposição responsável"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Primeiro, eles venderam a
robustez da economia brasileira para uma platéia de investidores, analistas e empresários
norte-americanos em Washington. Então, em encontros
separados com jornalistas, os
ministros Guido Mantega e
Dilma Rousseff disseram que a
rejeição da prorrogação da
CPMF no Senado será um
"constrangimento" e "um
grande problema" para as finanças do país.
Para a ministra-chefe da Casa Civil, a oposição "sabe perfeitamente" que não pode derrubar a prorrogação. "Principalmente a oposição responsável que existe no Brasil, que não
pode alegar que não tem experiência, porque tem, governou
esse país até 2002." Tirar a
CPMF das contas públicas, disse, "vai significar um grande
problema".
A CPMF, segundo a ministra,
é um imposto interessante por
ter característica claramente
não regressiva. "Você cobra de
18 milhões de pessoas e beneficia 200 milhões de pessoas."
Mesmo tom alarmista adotou Mantega -ambos participavam da "2007 Brazil Economic Conference", promovida
pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. "Ninguém quer radicalizar", disse. "A radicalização
significa perdermos dezenas de
bilhões, aí estaremos em sérias
dificuldades, que eu nem quero
pensar em como resolver."
O ministro chegou a acenar
com uma flexibilização tributária como moeda de troca. "Ela
pode ser aplicada na própria
CPMF ou pode se dar em outros tributos, mas equivalente a
uma redução na CPMF." O que
não está em jogo, disse, é uma
mudança na alíquota, de 0,38%,
pois isso significaria uma volta
à Câmara da emenda constitucional, hoje no Senado. "Aí, estamos perdidos. Se isso acontecer, teremos uma perda de seis,
sete meses de arrecadação, o
que será seriamente constrangedor para o Orçamento, prejudicará todo mundo."
Caso ocorra, Mantega sinalizou que o governo vai transferir
o problema ao Congresso. "Se
você tirar R$ 15 bilhões, R$ 20
bilhões do Orçamento, eles vão
ter de cortar e provavelmente
vão fazer em investimentos do
PAC, então é uma situação
também constrangedora para
os parlamentares."
Dilma espera a colaboração
da oposição para aprovar a
prorrogação do imposto. Ela
chegou a fazer um mea-culpa
dos anos de oposição do PT.
"Nós no passado sem sombra
de duvida cometemos alguns
equívocos", concedeu. "A antiga oposição é governo, e a atual
oposição foi governo, e é isso
que daqui para a frente levará a
esse círculo virtuoso em que todos são responsáveis pela condução do Estado."
Dilma negou ser candidata à
sucessão de Lula em 2010. Não
quer ser? "Se eu não sou é porque eu não quero ser."
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