São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Dilma conta com votos de "oposição responsável"

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Primeiro, eles venderam a robustez da economia brasileira para uma platéia de investidores, analistas e empresários norte-americanos em Washington. Então, em encontros separados com jornalistas, os ministros Guido Mantega e Dilma Rousseff disseram que a rejeição da prorrogação da CPMF no Senado será um "constrangimento" e "um grande problema" para as finanças do país.
Para a ministra-chefe da Casa Civil, a oposição "sabe perfeitamente" que não pode derrubar a prorrogação. "Principalmente a oposição responsável que existe no Brasil, que não pode alegar que não tem experiência, porque tem, governou esse país até 2002." Tirar a CPMF das contas públicas, disse, "vai significar um grande problema".
A CPMF, segundo a ministra, é um imposto interessante por ter característica claramente não regressiva. "Você cobra de 18 milhões de pessoas e beneficia 200 milhões de pessoas."
Mesmo tom alarmista adotou Mantega -ambos participavam da "2007 Brazil Economic Conference", promovida pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. "Ninguém quer radicalizar", disse. "A radicalização significa perdermos dezenas de bilhões, aí estaremos em sérias dificuldades, que eu nem quero pensar em como resolver."
O ministro chegou a acenar com uma flexibilização tributária como moeda de troca. "Ela pode ser aplicada na própria CPMF ou pode se dar em outros tributos, mas equivalente a uma redução na CPMF." O que não está em jogo, disse, é uma mudança na alíquota, de 0,38%, pois isso significaria uma volta à Câmara da emenda constitucional, hoje no Senado. "Aí, estamos perdidos. Se isso acontecer, teremos uma perda de seis, sete meses de arrecadação, o que será seriamente constrangedor para o Orçamento, prejudicará todo mundo."
Caso ocorra, Mantega sinalizou que o governo vai transferir o problema ao Congresso. "Se você tirar R$ 15 bilhões, R$ 20 bilhões do Orçamento, eles vão ter de cortar e provavelmente vão fazer em investimentos do PAC, então é uma situação também constrangedora para os parlamentares."
Dilma espera a colaboração da oposição para aprovar a prorrogação do imposto. Ela chegou a fazer um mea-culpa dos anos de oposição do PT. "Nós no passado sem sombra de duvida cometemos alguns equívocos", concedeu. "A antiga oposição é governo, e a atual oposição foi governo, e é isso que daqui para a frente levará a esse círculo virtuoso em que todos são responsáveis pela condução do Estado."
Dilma negou ser candidata à sucessão de Lula em 2010. Não quer ser? "Se eu não sou é porque eu não quero ser."


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