São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Bala na agulha

Segundo estimativa preliminar que circula nos bastidores do governo, o BB e a Caixa Econômica Federal utilizarão, cada um, cerca de R$ 7 bi para "ir às compras", como define um auxiliar de Lula, nos amplos termos possibilitados pela medida provisória 443.
Os governistas se esforçavam ontem para unificar um discurso segundo o qual a MP não foi feita para socorrer instituições já quebradas, e sim para sinalizar que, se vai haver concentração, "o Estado também quer participar", diz um ministro. "O Planalto não assistirá impassível aos grandes bancos fazerem o que quiserem nesta crise", diz Gilmar Machado (PT-MG), líder do governo na Comissão de Orçamento.



Motor. Da mesma maneira que a CEF deve entrar pesado no setor imobiliário, o governo espera um grande movimento do BB na área de financiamento de automóveis.

Brownie 1. A MP da estatização não é a primeira decisão do governo Lula inspirada em Gordon Brown. Tanto o PAC como o projeto brasileiro de Parcerias Público-Privadas, que ainda não decolou, foram modelados a partir de políticas e projetos implantados pelo premiê britânico quando ministro das Finanças.

Brownie 2. No núcleo do governo federal, Dilma Rousseff (Casa Civil) e Fernando Haddad (Educação) compõem com Guido Mantega (Fazenda) o fã-clube do "desenvolvimentista" britânico.

Amortecedor. O Ministério da Previdência informou à Comissão de Orçamento que o déficit da área ficará em R$ 38 bi em 2008, R$ 6 bi a menos do que o inicialmente previsto. A diferença será jogada para 2009 na rubrica "restos a pagar", com o objetivo de servir como colchão para o esperado corte nos gastos.

Toma lá. O governo cedeu, e os servidores do Dnit devem encerrar na próxima semana a greve iniciada no início de outubro. Além de aumentar a gratificação, prometeu discutir plano de carreira e novos investimentos. Tudo na tentativa de não atrasar ainda mais o PAC dos transportes.

Turma do barril. No sábado passado, dia seguinte ao malfadado desfecho do seqüestro das jovens Eloá e Nayara em Santo André, o "Diário Oficial" de São Paulo publicou autorização para que 61 policiais militares viajem a Blumenau, de hoje até segunda-feira, "a fim de participarem da 25ª Oktoberfest".

Quebrou. Na avaliação do Planalto, ainda que Aécio Neves e Fernando Pimentel evitem o pior, elegendo Marcio Lacerda (PSB) aos 45 minutos do segundo tempo, a derrota do experimento tucano-petista em BH "já aconteceu".

Modelo. Eduardo Paes procura tranqüilizar os partidos de esquerda que o apóiam no no Rio sobre sua eventual administração. "Será um governo de cunho progressista", diz o presidente do PMDB local, Jorge Picciani, citando como exemplo a composição feita no Estado por Sérgio Cabral.

Hoje... Além de defender o voto em Paes no Rio, José Dirceu escreveu em seu blog que é hora de "lamber as feridas", apoiando Lacerda em BH.

...e ontem. De Eduardo Paes, então deputado tucano, no auge do mensalão: "Há provas documentais e testemunhais para pedir o indiciamento de José Dirceu".

Registro. O vereador Tião Farias (PSDB) esclarece que, embora tenha apoiado Geraldo Alckmin e criticado os tucanos que optaram por Gilberto Kassab já no primeiro turno, não atacou o prefeito.

Panelaço. Novo comercial de Walter Pinheiro (PT) em Salvador mostra uma mulher na cozinha cantando "não deixe voltar a panelinha", em referência ao apoio dos carlistas Paulo Souto e César Borges a João Henrique (PMDB).

com SILVIO NAVARRO e FÁBIO ZANINI

Tiroteio

"No Rio, está de volta a coreografia da República Velha. Pedradas, panfletos apócrifos... Espera-se que os pistoleiros não fiquem na fila de votação, e que Gabeira esteja vivo até lá."

Do prefeito CESAR MAIA (DEM), sobre o fato de militantes de Eduardo Paes terem apedrejado carros de simpatizantes de Fernando Gabeira.

Contraponto

Voto válido

Ao visitar na segunda-feira o Clube Militar, Fernando Gabeira foi recebido pelo general Gilberto Figueiredo, presidente da entidade, e pelo major-brigadeiro Altevo Volotão. O ex-guerrilheiro, hoje candidato a prefeito do Rio de Janeiro, posou para fotos e ganhou o apoio dos presentes, mas, na despedida, tomou um susto.
-Deputado, quero avisar que não voto no senhor de jeito nenhum!-, proclamou o general.
Gabeira imaginou que se tratasse de algum ressentimento do passado e já preparava uma argumentação em sua defesa quando Figueiredo completou:
-É que eu sou eleitor em Petrópolis...


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