São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Geddel privilegia prefeitos do PMDB da Bahia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA

Tido como o grande vencedor destas eleições e principal candidato a herdeiro político do carlismo na Bahia, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) beneficiou as prefeituras baianas do PMDB, seu partido, na partilha dos recursos da pasta que comanda.
As cidades governadas pelo PMDB receberam 87% de todos os recursos liberados por meio de convênios firmados pela pasta com prefeituras baianas desde que Geddel assumiu o cargo, em 16 de março de 2007. Foram destinados a correligionários do ministro R$ 80,5 milhões dos R$ 91,7 milhões pagos na modalidade de transferência voluntária. Com Geddel na pasta, novos convênios foram feitos com 62 municípios baianos -46 do PMDB.
Para chegar a esses dados, a Folha cruzou a lista das prefeituras do PMDB na Bahia (119), fornecida pelo próprio partido, com dados do Portal da Transparência. Foram desconsiderados repasses feitos a ONGs e ao governo estadual. Salvador, onde João Henrique (PMDB) tenta a reeleição contra Walter Pinheiro (PT), é um símbolo das benesses do ministro. Desde que assumiu, Geddel já repassou R$ 49 milhões à prefeitura, sendo R$ 6,6 milhões em meio à campanha eleitoral. O dinheiro foi usado para quitar uma obra que virou símbolo da propaganda de João Henrique.
O pagamento à Prefeitura de Salvador foi em 6 de outubro, dia seguinte ao primeiro turno. Foi a última parcela de um convênio de R$ 20,7 milhões. As verbas bancaram a drenagem, aterro e urbanização de um canal na avenida Centenário. O canal inundava quando chovia. Hoje ali há praças e parques. A obra foi concluída em prazo recorde (210 dias), com homens trabalhando até de madrugada. Geddel mora num apartamento com vista para o local.
O novo visual da avenida foi comemorado por João Henrique a três dias do primeiro turno. As imagens são exibidas na propaganda do candidato na TV acompanhadas do slogan: "Lula ajuda, João Henrique faz, Pinheiro fica com ciúme".
A Lei Eleitoral proíbe o repasse de verbas a novos convênios assinados no período da eleição, mas não há restrição para pagamentos de obras firmadas anteriormente. Por isso esse repasse não é ilegal.
Os dados do Portal da Transparência indicam que a Bahia passou a ser mais contemplada desde a chegada de Geddel à Integração Nacional. Nos 19 meses em que o peemedebista está à frente do cargo, o ministério já pagou por meio de convênios pelo menos R$ 100,9 milhões para obras no Estado. Nos 19 meses anteriores à posse de Geddel, os repasses à Bahia somaram R$ 45,5 milhões.
O cálculo leva em conta só as últimas parcelas pagas de cada convênio, e desconsidera o período em que eles foram firmados. O desempenho do PMDB no primeiro turno (113 prefeitos eleitos) rendeu a Geddel o título de "novo rei da Bahia", mas o real crescimento do partido se deu antes das eleições: o PMDB elegeu 20 prefeitos em 2004, mas, graças ao troca-troca, chegou em 2008 com 119.
Geddel foi uma figura presente no Estado ao longo de toda a disputa, mesmo não tendo se licenciado do cargo de ministro nem tirado férias para isso.
(ALAN GRIPP, LETÍCIA SANDER E LUIZ FRANCISCO)


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