|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Geddel privilegia prefeitos do PMDB da Bahia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA
Tido como o grande vencedor destas eleições e principal
candidato a herdeiro político
do carlismo na Bahia, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) beneficiou as
prefeituras baianas do PMDB,
seu partido, na partilha dos recursos da pasta que comanda.
As cidades governadas pelo
PMDB receberam 87% de todos os recursos liberados por
meio de convênios firmados
pela pasta com prefeituras
baianas desde que Geddel assumiu o cargo, em 16 de março de
2007. Foram destinados a correligionários do ministro R$
80,5 milhões dos R$ 91,7 milhões pagos na modalidade de
transferência voluntária. Com
Geddel na pasta, novos convênios foram feitos com 62 municípios baianos -46 do PMDB.
Para chegar a esses dados, a
Folha cruzou a lista das prefeituras do PMDB na Bahia (119),
fornecida pelo próprio partido,
com dados do Portal da Transparência. Foram desconsiderados repasses feitos a ONGs e ao
governo estadual. Salvador, onde João Henrique (PMDB) tenta a reeleição contra Walter Pinheiro (PT), é um símbolo das
benesses do ministro. Desde
que assumiu, Geddel já repassou R$ 49 milhões à prefeitura,
sendo R$ 6,6 milhões em meio
à campanha eleitoral. O dinheiro foi usado para quitar uma
obra que virou símbolo da propaganda de João Henrique.
O pagamento à Prefeitura de
Salvador foi em 6 de outubro,
dia seguinte ao primeiro turno.
Foi a última parcela de um convênio de R$ 20,7 milhões. As
verbas bancaram a drenagem,
aterro e urbanização de um canal na avenida Centenário. O
canal inundava quando chovia.
Hoje ali há praças e parques. A
obra foi concluída em prazo recorde (210 dias), com homens
trabalhando até de madrugada.
Geddel mora num apartamento com vista para o local.
O novo visual da avenida foi
comemorado por João Henrique a três dias do primeiro turno. As imagens são exibidas na
propaganda do candidato na
TV acompanhadas do slogan:
"Lula ajuda, João Henrique faz,
Pinheiro fica com ciúme".
A Lei Eleitoral proíbe o repasse de verbas a novos convênios assinados no período da
eleição, mas não há restrição
para pagamentos de obras firmadas anteriormente. Por isso
esse repasse não é ilegal.
Os dados do Portal da Transparência indicam que a Bahia
passou a ser mais contemplada
desde a chegada de Geddel à Integração Nacional. Nos 19 meses em que o peemedebista está
à frente do cargo, o ministério
já pagou por meio de convênios
pelo menos R$ 100,9 milhões
para obras no Estado. Nos 19
meses anteriores à posse de
Geddel, os repasses à Bahia somaram R$ 45,5 milhões.
O cálculo leva em conta só as
últimas parcelas pagas de cada
convênio, e desconsidera o período em que eles foram firmados. O desempenho do PMDB
no primeiro turno (113 prefeitos eleitos) rendeu a Geddel o
título de "novo rei da Bahia",
mas o real crescimento do partido se deu antes das eleições: o
PMDB elegeu 20 prefeitos em
2004, mas, graças ao troca-troca, chegou em 2008 com 119.
Geddel foi uma figura presente no Estado ao longo de toda a disputa, mesmo não tendo
se licenciado do cargo de ministro nem tirado férias para isso.
(ALAN GRIPP, LETÍCIA SANDER E LUIZ FRANCISCO)
Texto Anterior: Eleições 2008 / Salvador: João Henrique lidera com 50%; Pinheiro está com 40% Próximo Texto: Outro lado: Ministro nega favorecimento ao seu Estado Índice
|