São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Defesa pede habeas corpus para soltar Valério e sócio

Para juíza, publicitário se livrou de eventuais provas

DA REPORTAGEM LOCAL

A defesa de Marcos Valério de Souza, que é réu no caso do mensalão, pediu ontem ao Tribunal Regional Federal, em São Paulo, que decrete o fim da prisão preventiva do publicitário e do sócio dele, Rogério Tolentino, encarcerados há 12 dias.
Valério e Tolentino dividem cela com outros presos na Penitenciária 2 de Tremembé, interior de São Paulo.
Para o advogado Marcelo Leonardo, não há sustentação legal que mantenha a prisão dos sócios. Contra eles, pesa a suspeita da Polícia Federal de que "compraram" um inquérito para prejudicar dois fiscais da Fazenda de São Paulo, que multou a Cervejaria Petrópolis em R$ 104 milhões.
Os dois teriam sido contratados pela empresa para desmoralizar os agentes -a cervejaria e os sócios negam qualquer envolvimento na acusação.
O pedido de habeas corpus, que é uma medida de caráter emergencial, será julgado pelo desembargador Luiz Stefanini. Até o fechamento desta edição, ele não havia se manifestado sobre a eventual soltura.
O habeas corpus assinado por Marcelo Leonardo é baseado em quatro fundamentos.
Primeiro, o advogado afirma que a Justiça paulista é incompetente para decidir sobre um caso que se concretizou em Santos -o inquérito contra os fiscais foi aberto por delegados da PF da cidade litorânea.
Leonardo diz ainda que faltam provas contra seus dois clientes e que a juíza Paula Mantovani, responsável pelas prisões, errou ao citar na decisão diálogos telefônicos dele com os clientes. "Ainda que os dois sejam monitorados, as conversas com advogados são sigilosas, isso já anula a prisão."
Por fim, o advogado critica o fato de a juíza ter decretado a prisão com base em escutas telefônicas, que revelam que o publicitário foi avisado antes que seria alvo de uma ação da PF. Horas antes da prisão, a PF viu dois carros saírem da casa de Valério, de madrugada. Para a magistrada, tudo leva a crer que, ao saber da prisão, ele se livrou de documentos que poderiam comprometê-lo.
"Não há prisão com base em ilação. Por que a PF não interceptou os carros para saber o que levavam?", diz o advogado.
O Ministério Público informou que uma eventual interceptação poderia colocar em risco a operação, que prendeu 17 pessoas. LILIAN CHRISTOFOLETTI


Texto Anterior: Foco: No Planalto, Garibaldi compara MPs a decretos editados pela ditadura
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.