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Defesa pede habeas corpus para soltar Valério e sócio
Para juíza, publicitário se livrou de eventuais provas
DA REPORTAGEM LOCAL
A defesa de Marcos Valério
de Souza, que é réu no caso do
mensalão, pediu ontem ao Tribunal Regional Federal, em São
Paulo, que decrete o fim da prisão preventiva do publicitário e
do sócio dele, Rogério Tolentino, encarcerados há 12 dias.
Valério e Tolentino dividem
cela com outros presos na Penitenciária 2 de Tremembé, interior de São Paulo.
Para o advogado Marcelo
Leonardo, não há sustentação
legal que mantenha a prisão
dos sócios. Contra eles, pesa a
suspeita da Polícia Federal de
que "compraram" um inquérito para prejudicar dois fiscais
da Fazenda de São Paulo, que
multou a Cervejaria Petrópolis
em R$ 104 milhões.
Os dois teriam sido contratados pela empresa para desmoralizar os agentes -a cervejaria
e os sócios negam qualquer envolvimento na acusação.
O pedido de habeas corpus,
que é uma medida de caráter
emergencial, será julgado pelo
desembargador Luiz Stefanini.
Até o fechamento desta edição,
ele não havia se manifestado
sobre a eventual soltura.
O habeas corpus assinado
por Marcelo Leonardo é baseado em quatro fundamentos.
Primeiro, o advogado afirma
que a Justiça paulista é incompetente para decidir sobre um
caso que se concretizou em
Santos -o inquérito contra os
fiscais foi aberto por delegados
da PF da cidade litorânea.
Leonardo diz ainda que faltam provas contra seus dois
clientes e que a juíza Paula
Mantovani, responsável pelas
prisões, errou ao citar na decisão diálogos telefônicos dele
com os clientes. "Ainda que os
dois sejam monitorados, as
conversas com advogados são
sigilosas, isso já anula a prisão."
Por fim, o advogado critica o
fato de a juíza ter decretado a
prisão com base em escutas telefônicas, que revelam que o
publicitário foi avisado antes
que seria alvo de uma ação da
PF. Horas antes da prisão, a PF
viu dois carros saírem da casa
de Valério, de madrugada. Para
a magistrada, tudo leva a crer
que, ao saber da prisão, ele se livrou de documentos que poderiam comprometê-lo.
"Não há prisão com base em
ilação. Por que a PF não interceptou os carros para saber o
que levavam?", diz o advogado.
O Ministério Público informou que uma eventual interceptação poderia colocar em
risco a operação, que prendeu
17 pessoas.
LILIAN CHRISTOFOLETTI
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