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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Presidente autoriza elevação da meta do superávit primário para 4,5%, em sinalização de força ao ministro na disputa com Dilma
Lula aceita mais arrocho para manter Palocci
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Para tentar segurar Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu, ao final de uma reunião anteontem à noite no Palácio
do Planalto, elevar a meta de superávit primário deste ano para
pelo menos 4,5% do PIB (Produto
Interno Bruto).
Palocci arrancou a promessa de
Lula depois de se recusar a continuar na Fazenda se não tivesse
sua força no governo recomposta.
O presidente relatou a auxiliares
que não deixará Palocci sair e que
autorizou o superávit maior.
A discussão agora será sobre
oficializar ou não a nova meta de
4,5% do PIB -a oficial é 4,25%.
Esse 0,25 ponto percentual -cerca de R$ 5 bilhões a mais de superávit primário- é significativo,
na visão da equipe econômica,
porque sinaliza ao mercado financeiro e aos investidores internacionais que o Brasil continuará
o esforço fiscal para reduzir a relação entre a dívida pública e o PIB.
Em setembro, essa dívida equivalia a quase 51,4% do PIB.
O superávit primário -economia do setor público para pagamento de juros da dívida-, deve
ser elevado "na prática", disse Palocci, em reunião com Lula e com
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
Lula chegou a se dizer incomodado com as críticas da oposição e
de caciques petistas de que países
emergentes estavam aproveitando o bom momento da economia
mundial e que o Brasil estaria ficando atrás. Ele citou Chile e China como economias que estariam
crescendo mais que o Brasil. Palocci e Meirelles retrucaram que
ambos tinham condições específicas, como aposentadoria privada (Chile) e ausência de previdência e direitos trabalhistas (China),
que facilitariam o crescimento.
Interessado em manter Palocci,
Lula aquiesceu. Disse que falaria
com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre a nova decisão
de elevar o superávit primário.
Na prática, o superávit dificilmente ficará em 4,25% do PIB,
mesmo que haja aceleração de
gastos públicos no final do ano.
Entre janeiro e setembro, o superávit equivaleu a 6,1% do PIB, o
que teria assustado Dilma e Lula,
que cobraram de Palocci verbas
para investimentos e custeio.
Se é difícil chegar a 4,25%, Lula
acha que 4,5% é concessão possível -o que confirmará o discurso
de Palocci de que a política econômica continua a mesma. A equipe
econômica estima um superávit
entre 4,6% e 4,7% do PIB, o que
seria suficiente para manter estável a relação entre dívida e PIB.
Na reunião, o presidente do
Banco Central de sinais de que
poderá haver queda nos juros.
Disse que a Selic, taxa básica, pode ser diminuída nesta semana
em 0,5 ou 0,75 ponto percentual.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), negou que tenha sido convidado a
substituir Palocci na Fazenda e se
recusou a comentar a possibilidade. Mercadante é a primeira opção de Lula para substituir Palocci, apesar de o presidente ter dito
que acha "impensável" abrir mão
de Palocci, nas palavras de um auxiliar direto.
Questionado se estaria "à disposição" de Lula para substituir o
ministro da Fazenda, Mercadante
desconversou. "Sempre estou à
disposição do presidente. Para ser
líder do governo no Senado. O
ministro da Fazenda se chama
Antonio Palocci, que goza da total
confiança do presidente Lula, que
já manifestou isso publicamente."
O senador disse que não há razão para que Palocci seja convocado a depor na CPI dos Bingos.
"O ministro veio à CAE esclarecer
tudo o que fosse preciso. Foi à Câmara. Não vejo necessidade de
aprovar uma convocação."
Ele acha "mais razoável" a aprovação de um "convite". "Sempre
tem sido assim nesta Casa. A hora
que a CPI achar que é necessário,
convida o ministro. Tenho certeza que ele virá espontaneamente",
disse Mercadante.
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