São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2006

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Ex-presidente afirma que não deve satisfação

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra (PT-SE) disse que as doações que recebeu para a campanha eleitoral foram legais. Leia os principais trechos da entrevista:

 

Folha - Do arrecadado pela sua campanha, 68% vieram de empresas que têm negócios com a Petrobras.
José Eduardo Dutra - Isso não é verdade. A maior contribuição é da Vale do Rio Doce, R$ 300 mil.

Folha - A Vale tem várias parcerias com a Petrobras...
Dutra -
[Interrompendo] Ah, meu amigo. Eu sou empregado da Vale do Rio Doce, sou funcionário licenciado, e eu prefiro que você pergunte ao doutor Roger Agnelli [presidente da Vale] por que que contribuiu. E outra coisa: Eu prestei contas à Justiça Eleitoral. Não tenho nenhuma satisfação a dar à Folha de S.Paulo a respeito dessa prestação de contas. Ponto. Só isso.

Folha - Sobre as outras contribuições. A ACV Tecline (...)
Dutra -
Pergunta pra ela.

Folha - O escritório de advocacia, Tauil & Chequer.
Dutra -
Pergunte pra ele.

Folha - O sr. as procurou ou elas lhe procuraram?
Dutra -
Meu amigo, olha, eu pedi às pessoas que eu conhecia e elas doaram de acordo com a lei. Eu fui presidente da Petrobras, contratei bilhões de reais, de dólares, e arrecadei R$ 800 mil para a campanha eleitoral. Agora, por que que doaram, vá perguntar às pessoas que interessam.

Folha - Do ponto de vista da ética, o sr. presidiu uma empresa que tinha contratos com elas [doadoras]. E então o sr. as procura...
Dutra -
[Interrompendo] E daí? E daí? Onde está a falta de ética nisso? Então ninguém pode receber contribuição de ninguém, porque sempre vai haver uma relação de uma empresa com algum órgão público, seja federal, estadual ou municipal. (...) Quanto [a Tauil] doou?

Folha - R$ 32 mil...
Dutra -
Ah, tenha a santa paciência. Eu fui presidente da Petrobras, companheiro, e você vem me perguntar quem me doou R$ 32 mil para minha campanha? Você queria o quê, que eu fizesse campanha como? Pedisse dinheiro para a Folha de S. Paulo? (...) Se o Otavinho [Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha] tivesse me ligado, "olha, candidato, eu tenho, a Folha de S. Paulo quer doar para sua campanha", eu ia buscar. Ora. A minha prestação de contas está absolutamente dentro da lei.

Folha - No caso dos seus doadores, o sr. que os procurou?
Dutra -
Ou alguém autorizado por mim. Pela lógica de vocês, eu tinha que fazer campanha vendendo estrelinha. (RV e LB)


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