São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Perdas e danos

Materializada a denúncia contra os envolvidos no valerioduto mineiro, tucanos e governistas tratavam ontem de inventariar os prejuízos de cada lado -obviamente concluindo que o adversário se saiu pior.
Os primeiros, pegos de surpresa em pleno congresso do partido, fingiram-se de mortos em público e, reservadamente, alegavam que Lula tem na roda um ministro da cozinha do Planalto, enquanto o fardo do PSDB é um senador já mais ou menos rifado.
No governo, que já se desembaraçou de Walfrido dos Mares Guia, a ordem era argumentar que o PSDB perdeu mais: não poderia mais usar a palavra mensalão sem o risco de uma réplica que atribua ao partido a "gênese" do principal escândalo da era Lula.

Era o cara. De um tucano mineiro sobre a relação entre os principais denunciados de ontem: "O Walfrido mandava mais no governo do Azeredo que o Zé Dirceu no do Lula".

Prioridades. Enquanto os demais governadores tucanos estavam no congresso da sigla, Cássio Cunha Lima negociava com Lula a liberação de verbas do PAC para a Paraíba e meios de garantir o voto do senador e correligionário Cícero Lucena a favor da CPMF.

Mau agouro. Lula pediu ao presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), que deixe de dar declarações sobre o quanto está difícil aprovar a CPMF. "O Brasil não precisa entrar em campo com o Galvão Bueno dizendo que não ganha do adversário há oito anos", comparou.

No lucro. Na véspera de virar ministro, José Múcio teve longa conversa com o presidente de seu partido, Roberto Jefferson. A relação entre ambos não chega a ser tranqüila, mas é bem melhor que a de Jefferson com Mares Guia.

Sinal 1. Ao reunir a Executiva do PTB na próxima quarta, a idéia de Jefferson é recomendar o voto contra a CPMF, mas sem fechar questão. Atende assim a apelo de petebistas como Fernando Collor, favoráveis ao imposto.

Sinal 2. Mas um outro fechamento de questão sairá da reunião do PTB: contra a possibilidade de terceiro mandato consecutivo para Lula.

Medidas. Aécio Neves bateu José Serra no "palmômetro" do congresso tucano. Mas o paulista mereceu três menções elogiosas no discurso de Fernando Henrique, e o mineiro, apenas uma, neutra.

Parceria 1. O governador Sérgio Cabral (PMDB) sancionará lei dando poder à Receita do Rio para fiscalizar royalties do petróleo. O Estado também aprovará, a pedido de São Paulo, um novo convênio para cobrar ICMS das plataformas de exploração.

Parceria 2. Na próxima terça, Serra irá ao Rio assinar protocolo de substituição tributária para produtos farmacêuticos e de higiene pessoal. O ICMS passará a ser cobrado na fábrica, e não mais na loja.

Lenha. Petistas da CUT atacam a decisão do PC do B de fundar uma nova central sindical, a ser oficializada em dezembro. Divulgaram nota apontando "erro histórico" do aliado. Os dissidentes responderam na mesma moeda: dizem que os cutistas sofrem de "paralisia" desde o início do primeiro governo Lula.

Visitas à Folha. Pamela Hartigan, diretora-executiva da Fundação Schwab, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Marlene Peret, consultora da fundação no Brasil, e de Tião Rocha, vencedor do Prêmio Empreendedor Social de 2007.

Cezar Britto, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Ophir Cavalcante Junior, tesoureiro da OAB, de Alberto Zacharias Toron, do escritório Toron, Torihara e Szafir, e de Irineu Tamanini, assessor de imprensa da OAB.

Tiroteio

"O PSDB parece ter entendido que, se Lula tiver na mão o dinheiro de quatro anos de CPMF, vai arrebentar com todo mundo em 2010."


Do presidente do PTB, ROBERTO JEFFERSON, sobre a resistência da ala tucana influenciada por Fernando Henrique Cardoso em ajudar o governo a aprovar a prorrogação do imposto do cheque.

Contraponto

Lobo mau

Na tarde de ontem, com as atividades no Senado eclipsadas pela denúncia do procurador-geral da República contra os 15 do valerioduto mineiro e pelo congresso do PSDB, o que mais chamava a atenção no plenário da Casa eram os resultados da recente cirurgia plástica a que se submeteu Mão Santa (PMDB-PI).
Embora aos colegas parecesse uma intervenção mais ampla no rosto, o peemedebista fez questão de dizer que havia apenas levantado as pálpebras. E, para demonstrá-lo, tentou ser galante com Kátia Abreu (DEM-TO):
-Só abri os olhos para te ver melhor...



Próximo Texto: Denúncia de corrupção de tucanos derruba Walfrido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.