São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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Lula enquadra PT nos Estados e diz que prioridade é Dilma

Para presidente, "cada um olha para o seu umbigo" ao invés de priorizar projeto nacional

Lula estende apelo a aliados, mas crê que, por candidata a presidente ser petista, cabe ao seu partido fazer mais sacrifícios em acordos locais

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
A ex-prefeita Marta Suplicy vota para o novo comando do PT, que
assume em fevereiro, no diretório do PT em Pinheiros, em São Paulo


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MÁRCIO FALCÃO
DA FOLHA ONLINE

Num recado para PT e aliados fazerem concessões nas alianças estaduais em benefício da virtual candidatura ao Palácio do Planalto da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, "na prática, você não tem como fazer dois discursos pedindo votos para candidatos diferentes".
Depois de votar nas eleições internas do PT para renovar a direção partidária, Lula afirmou que, nas eleições de outubro de 2010, "deve prevalecer o projeto nacional". No entanto, declarou não ter "mais ilusão". Reconheceu que, por mais que recomende ao PT e aos aliados priorizar a candidatura presidencial, "cada um olha para o seu umbigo e prevalecem as questões dos Estados".
Lula afirmou que "divergências dentro da base aliada nos Estados" não podem criar "impeditivo para a ministra Dilma ter dois ou mais candidatos apoiando sua candidatura".
Acompanhando o presidente, Dilma disse que a "ótica nacional se sobrepõe necessariamente". Mas ressalvou que não poderia ser "fundamentalista", pois é preciso "levar em conta as realidades locais, porque os interesses locais são legítimos".
Lula e Dilma votaram ontem de manhã em Brasília, na sede nacional do PT. Ambos apoiam a candidatura do ex-senador e ex-presidente da BR Distribuidora José Eduardo Dutra, da chapa da CNB (Construindo um Novo Brasil), denominação do antigo grupo moderado que tem maioria no partido. De camisa vermelha como Lula e Dilma, a primeira-dama Marisa Letícia também votou ontem.
Reservadamente, um auxiliar do presidente disse que Lula tem pedido não só ao PT, mas também aos partidos aliados, concessões nas alianças estaduais a favor de Dilma. Como o PT tem Dilma, caberia ao partido fazer mais sacrifícios.
Lula tem se empenhado diretamente para apaziguar conflitos entre PT e PMDB nos Estados. Apesar disso, pretende se dedicar mais a alguns candidatos petistas. Exemplo: Dilma deve ter dois palanques na Bahia, o do governador candidato à reeleição, Jaques Wagner (PT), e o do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que pretende disputar o Palácio de Ondina pelo PMDB. Lula não gostou de recente encontro de Geddel com o governador José Serra (SP), pré-candidato do PSDB a presidente, . Lula vai priorizar Wagner.
Seis tendências do PT lançaram candidatos à presidência da sigla. Com apoio de Lula, Dilma e dos principais dirigentes do partido, Dutra é o virtual eleito. Se houver segundo turno, o mais provável seria enfrentar um candidato de outro grupo moderado, o "Mensagem ao Partido" -que apresentou o deputado federal José Eduardo Martins Cardozo (SP).
Pela tendência de centro "Movimento PT", que se alia normalmente aos moderados nas grandes questões partidárias, concorreu o deputado federal Geraldo Magela (DF).
Três grupos da esquerda tiveram postulantes: a deputada federal pelo Espírito Santo Iriny Lopes (Articulação de Esquerda) e os militantes Markus Sokol (O Trabalho) e Serge Goulart (Esquerda Marxista).
A previsão é que o resultado das eleições seja divulgada até amanhã ou quarta-feira. O PT tem 1,3 milhão de filiados aptos a votar no PED (Processo de Eleição Direta). A nova direção terá mandato de dois anos. Tomará posse em 10 de fevereiro -dia em que o PT completará 30 anos. De 18 a 20 do mesmo mês, acontecerá o 4º Congresso do partido em Brasília.


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