|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Novo tesoureiro preside entidade suspeita
Sindicalista João Vaccari Neto é presidente da Bancoop, investigada pelo Ministério Público por suposta doação ilegal a campanhas
Homem de confiança de Berzoini, atual presidente do PT, e amigo de Lula, Vaccari cuidará das finanças do partido nas eleições de 2010
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O sindicalista João Vaccari
Neto será o tesoureiro do PT na
direção que assume em fevereiro, com a tarefa de comandar o
caixa do partido nas eleições de
2010. Vaccari é presidente da
Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários investigada pelo Ministério Público de
São Paulo sob suspeita de fazer
doações ilegais para campanhas eleitorais do PT.
Ex-dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
ele faz hoje parte do Conselho
de Administração de Itaipu.
A tesouraria é uma área sensível do PT. Em 2005, o então
tesoureiro Delúbio Soares foi
um dos pivôs do escândalo do
mensalão. Expulso do partido,
ele é réu do processo em curso
no STF, acusado de corrupção
ativa e formação de quadrilha.
O atual tesoureiro, Paulo
Ferreira, não pode, pelo estatuto, permanecer no cargo.
Além da investigação criminal em andamento sobre a Bancoop, a gestão de Vaccari na
presidência da instituição é
questionada em diversas ações
cíveis movidas por pessoas que
se dizem lesadas ao comprar
imóveis da cooperativa.
Vaccari está na Bancoop desde sua fundação e ocupou cargos na direção da entidade. Assumiu a presidência em 2004,
com a morte do presidente e
outros dirigentes em um mesmo acidente de carro.
Sua gestão na cooperativa
tem tentado saldar as dívidas
da Bancoop cobrando dos associados o rombo nos cofres da
entidade, que é estimado em
cerca de R$ 100 milhões. Muitos empreendimentos da Bancoop não foram terminados
-alguns nem saíram do papel.
Segundo o Ministério Público,
3.000 pessoas foram prejudicadas -e muitas pagaram por
imóveis que não receberam.
Há dezenas de decisões judiciais considerando ilegal a forma como a entidade vem cobrando seus cooperativados.
Segundo um dos advogados
dos cooperados, Valter Picazio
Júnior, a Bancoop nunca conseguiu explicar o que causou o
desfalque na entidade.
Homem de confiança do
atual presidente do PT, Ricardo
Berzoini (PT-SP) -outro fundador e ex-presidente da Bancoop-, Vaccari é segundo suplente do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e amigo pessoal do presidente Lula.
Foi secretário-geral da CUT
e presidente do Sindicato dos
Bancários de São Paulo. Chegou a ser cotado para presidir a
Caixa Econômica Federal.
O promotor José Carlos Blat,
responsável pela investigação
do Ministério Público de São
Paulo, diz que há indícios de
que a Bancoop desviou recursos para empresas ligadas a alguns dirigentes, que repassaram os valores para campanhas
do PT. O promotor abriu o inquérito criminal em 2007.
Blat chegou a afirmar que a
Bancoop é "uma organização
criminosa" com objetivos "político-partidários".
Em 2006, Vaccari foi alvo da
Polícia Federal por suposto envolvimento na tentativa de
compra de dossiê antitucanos.
A Folha tentou entrar em
contato com Vaccari, que não
ligou de volta. Ouvido em outras ocasiões, ele negou irregularidades na cooperativa.
Texto Anterior: Sem obstáculo, Dirceu volta a comando do PT Próximo Texto: "Publicidade-exaltação" invade os comerciais de TV Índice
|