São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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PESQUISA
Popularidade melhora pela primeira vez desde setembro de 1998; avaliação negativa cai dez pontos
Diminui rejeição a FHC, diz Datafolha

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
FHC aciona turbina de termoelétrica com Maria Silvia Bastos Marques, da CSN



JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

Pela primeira vez desde setembro de 1998 a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) melhorou. Pesquisa nacional Datafolha feita entre os dias 13 e 15 de dezembro indica que a rejeição a FHC diminuiu dez pontos percentuais desde setembro passado.
Mesmo assim a maior parte dos brasileiros com 16 anos ou mais continua achando o desempenho presidencial ruim ou péssimo. Esse percentual, que era de 56% há três meses, caiu para 46%.
Ao mesmo tempo, o grupo dos que avaliam o governo como regular subiu de 27% para 36%, e o dos que acham-no bom ou ótimo oscilou de 13% para 16%. Em outras palavras, mesmo os brasileiros que mudaram de opinião não estão totalmente satisfeitos em relação ao presidente.
Na prática, a popularidade do presidente voltou ao mesmo nível de junho (44% de rejeição e 16% de aprovação), que é a sua segunda pior avaliação desde a posse do primeiro mandato.
As razões desse desafogo estão na situação econômica pessoal dos brasileiros: menos entrevistados acham que podem perder o emprego, enquanto mais pessoas avaliam que poderão consumir mais nos próximos seis meses, por exemplo.
Os brasileiros, porém, continuam pessimistas em relação à situação econômica do país.
A pesquisa ouviu 12.079 pessoas em 296 cidades de todas as unidades da Federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A avaliação dos brasileiros em relação ao Plano Real voltou ao seu pior nível, equivalente ao de fevereiro deste ano, quando a moeda foi desvalorizada: hoje 31% consideram-no ótimo/bom, e 27%, ruim/péssimo, contra 34% e 25% em setembro, respectivamente.
Isso só confirma o que já havia sido detectado pelo Datafolha desde o final de 1998: o descolamento entre a imagem do presidente e do plano que o elegeu.
A avaliação de FHC melhorou mesmo em um quadro no qual as pessoas acham que a inflação vai aumentar (67% dos entrevistados, contra 64% em setembro).
Ainda chega a dois terços da população o grupo de brasileiros que acredita que o desemprego vai crescer -embora esse percentual esteja em queda: de 72% em fevereiro para 69% em setembro e 66% agora.
Quando se refere ao poder de compra dos salários de modo genérico, a expectativa da população segue pessimista. Continuam sendo 43% da população os brasileiros que acham que os salários vão poder comprar menos daqui para a frente.
Mas a resposta muda quando se refere diretamente ao entrevistado: cresceu de 28% para 32% o percentual daqueles que pretendem consumir mais nos próximos seis meses.

Pista
De modo geral, a expectativa quanto à situação econômica do país também voltou aos níveis de junho, após uma pequena piora em setembro: 40% acham que a economia nacional vai piorar, 22% acham que vai melhorar.
A única pista de por qual razão a avaliação de Fernando Henrique aumentou é a expectativa dos entrevistados em relação à sua situação econômica pessoal.
Pela primeira vez desde dezembro de 1998 o percentual daqueles que acreditam que sua situação vai melhorar equivale ao dos que apostam que vai ficar inalterada: 39% a 38%, respectivamente. Ao mesmo tempo, caiu de 26% para 19% o percentual dos pessimistas em relação à sua vida econômica.
Em fevereiro, após a desvalorização do real, esses pessimistas chegaram a 30%, empatando com os otimistas. Com o passar do ano, o pessimismo refluiu um pouco, oscilando entre 24% e 26%, até cair para 19% agora.
Outro sinal que ajuda a explicar a leve recuperação da imagem presidencial é a maneira como as pessoas descrevem a situação financeira de suas famílias. O percentual dos que afirmam que o ganho "é muito pouco, trazendo muitas dificuldades" caiu de 46% para 39% nestes três meses.
O medo de perder o emprego ficou menor (de 73% para 64% da população). Também caiu de 65% para 58% o percentual de brasileiros que dizem conhecer alguém que tenha sido demitido nos últimos seis meses.

Avaliação
Apesar do desafogo, comparando-se a atual avaliação do presidente com a que ele obteve no mesmo mês de dezembro dos quatro anos de seu primeiro mandato, o resultado ainda é muito desfavorável.
A desaprovação a FHC foi de 15% em 1995, 12% em 1996, 20% em 1997 (quando o desemprego já crescia) e 25% em 1998 (com a crise econômica já deflagrada), até chegar aos 46% atuais.
De qualquer modo, a reversão da tendência de deterioração da imagem do governo ocorreu na base e na ponta da pirâmide social. O percentual de ruim/péssimo caiu 11 pontos tanto entre os que têm renda familiar inferior a 10 salários mínimos quanto entre os que têm renda superior a 20 salários mínimos.
Apenas entre as pessoas que ficam na faixa intermediária de renda a imagem do presidente não apresentou variação significativa: os quatro pontos percentuais a menos de rejeição (de 55% para 51%) estão no limite da margem de erro.


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